quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Pra que serve? (Pessimismo na prática)
Dinheiro pra gente desperdiçar
Comida pra engordar
Bebida, vomitar
Tempo, voar
Bicicleta, cair
Afinal, a vida existe pra gente morrer.
Arthur Wilkens
Universo, vida e merecimento
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Fantasia Noturna
Me vi entrar pela porta principal daquela enorme construção. Lá dentro, tudo completamente escuro, mas eu parecia não precisar saber por onde andar, alguma coisa me prendia e mostrava o caminho, algo me controlava como marionete. O silêncio era absoluto, não ouvia meus próprios passos. Olhei para o chão e tudo se explicou, meus pés pairavam a mais ou menos dez centímetros do chão, e eu ía flutuando por corredores e escadas íngremes, pra chegar sabe se lá aonde. Os relógios não me diziam as horas, mas com certeza já era mais de meia-noite. Aquele passeio soturno se extendeu por mais alguns minutos, enquanto por mim passavam portas, quadros, janelas, armários, até que tudo parou.
Me vi congelado na entrada de um enorme salão. Já não sentia mais o silêncio, alguma coisa vinha de longe e susurrava aos meus ouvidos. Por ali, nada eu podia enxergar, até que, aos poucos, pude abrir os meus olhos. Continuava tudo tão escuro e deserto, ainda que agora eu pudesse contemplar as paredes, o palco, a cortina e as cadeiras contornadas pela luz sutíl que entrava pelas janelas lá no alto. Meu corpo voltava à vida terrena, meus pés pisaram em um carpete frio e meus membros ganhavam movimento outra vez. Não precisei de muito tempo para desvendar aquele sussurro, era a mais bela música que eu já havia ouvido. Ela me conduzia ao seu encontro, cada vez mais mais perto, já podia sentir, de fato, as vibrações que me atingiam. Não precisava saber quem estava a tocar, e não podia saber, ali de perto, só podia contemplar uma silhueta corcunda que caía sobre as teclas do piano, desafinadíssimo e com o som abafado.
Era uma melodia identificável encaixada na mais perfeita harmonia que poderia existir, de andamento lentíssimo, e me fazia recordar a vida de anos atrás, das primeiras experiências, dos amores platônicos, dos amigos que ficaram, dos projetos jogados fora. Ah, e como lembrava, aos poucos, ia conduzindo, caía numa exagerada melancolia e eu sabia de onde vinha; tempos de confusão e desentendimentos, de desespero e da necessidade que tínhamos de viver, sem saber o quê e qual era o sentido da vida, dos dias, dos fins de semana que pra um ou outro tornavam-se torturas passageiras... Uma pausa, breve, e o silêncio absoluto volta. Aquela pausa, sem mais nem menos, expressava o momento de agora, deitado naquele palco de madeira, a relembrar e julgar as minhas ações e virtudes do passado. Saiu de mim um pequeno gemido de insatisfação, e aquela melodia esquisita vinha à tona mais uma vez, e dessa vez não me fazia lembrar de tempos passados, e nem expressava o momento, mas aquela melodia me fazia sonhar.
Eu sonhava feito criança. Me imaginava daqui um, dois, três, dez anos. Um provável desiludido, os dogmas de hoje jogados no lixo, ou um sortudo, um reflexo da imagem perfeita que eu criava. E sonhei tanto, encarando o teto pálido do salão, que de maneira alguma pude conter de voltar à infância, em um dia qualquer, naquele mesmo palco, com a mão presa em uma das cortinas. A professora nos dava as instruções para a nossa primeira peça de teatro, "O Mágico de Óz". Torcia para ser sorteado à interpretar um personagem importante. Todos os outros colegas ansiosos, alguns tímidos e medrosos, outros confiantes. Certamente torcia para contracenar com aquela menina adorável. Fiquei com o papel do Homem de Lata, e feliz com isso; depois de contar pra mãe, que caprichou e montou uma fantasia memorável: minhas articulações eram simplesmente fechadas por caixotes de papelão, o que me garantia um movimento duro e desengonçado. No dia da apresentação, não conseguia me abaixar para juntar uma das vassouras no palco, o nervosísmo havia me pegado de jeito. De repente, a música parou de novo. Com a cabeça pesada de tanta memória, questionei a interrupção, levantei do chão e senti uma dor incômoda nas costas. Nesse momento, sobre a banqueta do piano, não havia ninguém.
Talvez já estivesse na hora de voltar pra casa, pensei. Ou talvez não fosse tão necessário, uma piscada e outra, e não havia mais palco, nem colégio, nem música, nem igreja, nem a fantasia incômoda do homem de lata. Havia a cama, as cobertas, o barulho da chuva... era só mais um dia úmido que estava apenas começando.
Arthur Wilkens
terça-feira, 21 de setembro de 2010
eu odeio a pesquisa eleitoral
Nós, eleitores, que presamos pela não-manipulação, devemos nos manter fora do alcance dessas influências da mídia!!
Não deixe seu voto influenciar pela pesquisa eleitoral!!
vote em quem sua consciência mandar.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Sobre o amor e seus filmes
Amar é uma coisa simples, exceto que não é. Todos esperamos sempre por aquela pessoa que as músicas sempre declamam; mas, será que ela existe? Se você chora pelo amor que se perdeu e pensa que nunca vai encontrar ninguém igual "mas não ligo, afinal esse foi o único jeito" vai se lamuriar até morrer decrépito. Só que não vale a pena. O problema não é nem o sofrer, mas sim o fato que você simplesmente fecha seus horizontes, ou melhor, seus olhos lembrando só daquilo que passou. Você se reclusa, isso sim. E pode fazer que você goste de se sentir desse jeito.
Mas ah, então você é um cara diferente, é capaz de amar de novo ou pela primeira vez, só está esperando que a garota dos seus sonhos chegue do seu lado e cantarole: "to die by your side such a heavenly way to die" por escutar, propositadamente The Smiths em alto volume. Não vou nem comentar a insanidade desde pensamento *e suas variantes*. Filmes são feitos para, no final das contas, serem clichês sim! Ainda mais aqueles que falam de amor e como o "destino" o propicia de uma maneira estranha. Mesmo que depois você saia do cinema com o coração inflado e pensando: "Sim, eu sou o cara" sabe que não passa de pura fantasia. Muitas vezes as pessoas especiais estão mais perto do que imagina. E antes que você venha me dizer que isso é frase-de-filme-clichê-para-perdedores devo dizer que, bem é sim, mas não é só isso. A gente é geralmente fadado a ficar com aquela pessoa menos surpreendente, isso por que ela é tão normal à você que ela nem parece grande coisa, mas quando "re-conhece" ela, vai ver que ela pode sim sê-la! A primeira coisa a notar é alguém que te faz sentir feliz, confortável de se estar junto e, principalmente, que você possa ser você mesmo. É essencial. Ostentar aparência para alguém só demonstra que você tem medo que a pessoa não te queira por ser quem verdadeiramente é. O próximo passo é tomar coragem e deixar o coração, er, falar.
Mas ok, caso você a conheceu a pouco tempo mas tem medo de que destrua a amizade mimimi e espera o destino fazer o resto digo: Talvez, quem sabe, O DESTINO JÁ NÃO A TROUXE À VOCÊ? Bem, se isso não for o suficiente para se mover logo recomendo que continue se imaginando com ela ao escutar "Here comes your man" enquanto outro esperto não faz o serviçinho no seu lugar.
Gabriel
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
A Fuga Cromática
http://www.youtube.com/watch?v=e35KV27FPpU
e para quem quiser ouvir mais ou manter-se por dentro das minhas atuais composições tem o link do meu myspace também: www.myspace.com/arthurwilkens
espero que tenham gostado, beigos
Arthur Wilkens