É evidente que nem todos crêem no jogo de baralho, muitas vezes pela imagem que certos charlatões passaram ao longo da história ou pela forma como a mídia desdenhou e criou paradigmas sobre o comportamento *geralmente excêntrico* daqueles que consultam. Há também aqueles que simplesmente temem o Tarô, pois imaginam ser uma coisa diabólica e que tem a ver mais com o candomblé e estas outras seitas.
A verdade é que este jogo foi criado na Europa, e, datado daquilo que se tem certeza, em meados do século XV. Ele servia tanto para fins divinatórios como para um simples jogo de azar. Há também os que afirmam que ele veio do Egito, mas sobre estas proposições há bastante divergências, pois não há dados e provas suficientes para tal afirmação.
O certo é que ele tem estado presente na maioria das escolas esotéricas (for instance: Maçonaria, Rosa-Cruz, Golden Dawn, Gnosis, etc.) e sempre foi visto como um instrumento pelo qual nos conectamos com nossa parte divina, e portanto, em sua maioria, inconsciente.
A simbologia de quase todos 22 arcanos maiores é completamente inciática, e também hermética aos olhos profanos. Nestas ordens geralmente estuda-se a fundo o jogo com o que dizem ser seu real propósito: O auto-conhecimento.
Outro personagem célebre que já havia tentado explicar o fen
ômeno da cartomancia foi Carl Gustav Jung, psicólogo e discípulo do grande Freud. Jung tentava estabelecer uma relação entre os arquétipos (isto é, imagens psíquicas do inconsciente coletivo) e os desenhos e símbolos que cada arcano possuía, sugestionando que a prática divinatória seria um encontro entre nosso Id e Ego.
Existe um certo padrão em pensar que só pode jogar Tarô aqueles que possuem uma intuição mais desenvolvida. Isto, na realidade, não é certo, pois qualquer um pode desenvolver a capacidade de ligar os símbolos e seus possíveis significados, ao passo que isto poderia ser também visto como o ato de estimular nosso contato com o divino. Claro que existem pessoas que mesmo nunca tendo mexido em um baralho conseguem intuir com profunda exatidão os significados de cada carta, mas isto são exceções e nada mais.
A divisão do baralho pode ser confusa no início, mas é bem simples: os 22 primeiros arcanos (ou trunfos) maiores lidam com questões mais universais e transcendentais, tendo uma importância simbólica que pode ser estudada e meditada. Os outros 56 trunfos estão relacionados com a visão adivinhatória e portanto "mundana" do Tarot. Cada um dos quatro naipes (paus, espadas, copas, pentáculos ou ouros) lidam com uma gama de sentimentos e ocorrências de sua estirpe; Ex.: ouros se relaciona ao elemento terra, portanto às conquistas e dilemas materiais, financeiros e tudo mais relacionado a isso.
Baralhos e tipos
Para começar a jogar, é necessário uma pesquisa nos baralhos e naqueles com os quais mais nos identificamos, mas aqui vou deixar uma prévia de alguns:
Rider Waite
Arthur Edward Waite, interessado por assuntos esotéricos, foi o primeiro a lançar um baralho no qual os 78 arcanos fossem ilustrados, não tão somente os primeiros 22. Há diversas referências a este baralho, e em especial na mídia, a série "Carnivale", que uma vidente o usa constantemente, causando na época um abrupto interesse pelo jogo.
Thoth
É um baralho bem conhecido por seu visual arrojado, foi feito pelo místico Aleister Crowley, muitos simpatizam mais com este do que com o Rider Waite, que digamos ser o mais tradicional e portanto o mais utilizado.
Marselha
Um dos mais antigos a serem utilizados, veio da frança, da cidade de mesmo nome. Até hoje não se tem certeza se o jogo divinatório deste baralho surgiu de um jogo comum de cartas (de mesmo nome, tarot, tarocchi, tarock) ou se foi o contrário. Em realidade o tarô de marselha consagrou a prática na Europa, coexistindo as duas formas de jogo no mesmo baralho por um tempo mas depois foram sofrendo modificações até serem distintos.
Egípcios Kier
É um baralho diferente, os arcanos tem outro tipo de estrutura, onde há três planos (imitando a perspectiva nos desenhos egípcios) o mental, o espiritual e o mundano. Ainda que seja um belo maço (e pode se mostrar um tanto confuso na prática) ele tem sua base sob uma das mais contestadas e duvidosas origens do tarô, gerando certa desconfiança que pode até deixar o consultante confuso no jogo.
Para que se possa manejar o tarot com maestria, é necessário muita prática (obs: o certo é não cobrar por isso!) e paciência, pois aos poucos nossa intuição vai influindo na leitura e possivelmente vai ser dispensado o uso do manual que explica o significado de cada trunfo. Boa sorte e bom jogo!
Gabriel