Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

sábado, 24 de dezembro de 2011

Evolução inteligente?


 Uma das coisas que mais me desperta desconforto e raiva para com a ciência é o reducionismo biológico, esse conceito dentro da biologia que tenta justificar todos atos e acontecimentos no mundo como a mister vontade da natureza em aperfeiçoar-se (ou adaptar-se). Simplesmente não consigo contemplar o fato de haver uma espécie de "inteligência genética" que tem sempre por alvo a perpetuação de seu material genético, sendo este o fim de todo comportamento do indivíduo.

 Como mecanismo regulador e progressista, a seleção natural parece criar indivíduos cada vez mais harmoniosos. Mas esse gene ou a constituição viva que permite a manifestação de um ânimo perfeccionista não parece concordar com o mainstream do método científico. Se considerássemos essas duas unidades como ansiosas para propagar seu genoma podemos esbarrar em problemas.

 O indivíduo tem sua percepção/interação com o mundo devido a um intrincado conjunto de sistemas. Desde as espécies mais simples até organismos mais complexos, a única explicação para a permanência da vida seria ou a mera ânsia por sobrevivência, pelo ser, ou este fator aliado à incongruente noção e força que um ser-vivo tem para a reprodução. Baseando-se assim que a propagação da espécie subordina a vontade de viver, admitiríamos uma consciência coletiva, bússola que aponta para a necessidade de manter a  vida - perdoem pelo pleonasmo - viva. Nesse sentido, excluindo o homem, os cientistas parecem querer demonstrar que existe uma força criadora que impeliria para o avanço, para a perpetuação. Força esta que, intimamente, eles desconhecem; pois é ironicamente passível de qualquer método científico.
Com o homem, ao saber que sabe, a consciência que a ele foi atribuída é permitido o dom das escolhas. Mesmo que estas não o levem ao caminho da "vida pós-morte" (geneticamente falando), ainda sim, o homem possui outra forma de animus primordial: a ânsia pela felicidade. O bem-estar, ou a homeostase - na maioria dos casos, sinônimo - é uma das pedras preciosas a ser mantida na vida de qualquer um. Também entra no quesito "felicidade" a gana pelo conhecimento, pela descoberta da verdade sobre as coisas que foram e sempre são infinitamente incertas. Ainda se tratando de homeostase, uma das formas mais específicas desse equilíbrio é quando o indivíduo encontra outros o qual ama, e até aquele(s) que ele escolhe para ser o(s) objeto(s) máximo(s) desse amor. Claro que aí, a ciência explica dizendo que esta é mera vontade inconsciente de espalhar o material genético. Com esta moderna visão restringe-se o motivo da amizade - tudo não passa de necessidade de convívio e proteção mútua de nossos antiquíssimos ancestrais - do matrimônio e muitos outros fenômenos sociais.

 Quando entramos no âmbito molecular como alternativa à vontade de propagar-se, é um tanto estranho, talvez devido ao conceito macroscópico de vida, que uma cadeia de ácidos nucléicos urguem pela mesma necessidade de continuidade. Mas o que me parece inconcebível, e até ilógico, é a relação de uma inteligência microscópica (evidente que, para a manifestação macroscópica de proteínas, é necessário um comando) que delimita a nossa inteligência. Isso seria incoerente devido à falta de qualquer "abstração" ou "pensamento"atribuido pela própria ciência aos genes. A única função dele seria análoga a de um disco rígido, e sua atuação, a de copiar seus dados.

 Isso ainda me parece fazer menos sentido, visto que é como se fossem as "pontas" que estivessem soltas. Todo o restante, e aquilo que se desenvolve no meio da possível finalidade, faria sentido. Ora, encontraremos um dia uma razão - não ligada à própria consequência (o que me lembra a velha briga entre biogênese e abiogênese) - para a perpetuação da vida?


Gabriel

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Listen

“If you shut your eyes, and contemplate reality only with your ears, you will find there is a background of silence, and all sounds are coming out of it. They start out of silence. If you close your eyes, and just listen, you will observe the sounds came out of nothing, floated off, and off, stopped being a sonic echo, and became a memory, which is another kind of echo. It is very simple; it all begins now, and therefore it is spontaneous.”

Alan Watts

sábado, 17 de dezembro de 2011

Pensar dói


Hoje ouvi uma coisa que me entristeceu profundamente. Numa roda de amigos, conversávamos sobre banalidades quando, por alguma razão, entramos em um assunto mais profundo. A coisa ia indo, evidente que nossas opiniões eram meros palpites sobre a questão (o qual não me recordo), quando aconteceu um silêncio constrangedor.
"Quem sabe não falamos sobre uma coisa que não precise pensar tanto? Esse assunto está me dando dor de cabeça."
No momento que a garota falou aquilo, era como se um ferro em brasa tivesse quimado minha pele. Sinto parte da ferida até agora.

O fato de um assunto, por ser muito complexo, não ser digno de atenção, implica em muitos comportamentos e visões de mundo. Afinal, por que razão, ou melhor, o que eu ganho em procurar entender por que existo? O sentido da vida? Por que existe tudo ao contrário de nada?

Dor de cabeça. Preguiça mental. Impotência vista de frente, nossas limitações tão claras que sua mera visão causa calafrios em nossas espinhas. Ao invés de eu abstrair e dividir visões de mundo, é mais fácil aproveitar para dar piteco no corriqueiro e banal (talvez porque não há visões a serem compartilhadas?).

Olho ao lado e vejo indivíduos falando com entusiasmo sobre carros e seus diversos modelos. A ênfase e energia posta nessa discussão é maravilhosamente contagiante, pois cada um tem tanto interesse por defender seu modelo predileto como aprender com o outro vantagens de se ter um motor 2.0 ou um automóvel da Fiat.

As trivialidades são e sempre foram a primazia por serem facilmente compreendidas.

As novelas pintam as discussões de um chá da tarde. Quem vai ficar com quem e como foi cada experiência provocam uma classe de sentimentos irresistíveis. Assistir a filmes de comédia é quase uma obrigação em dias que "não há nada para se fazer".

Não é mais fácil tagalerar e emitir julgamentos sobre coisas palpáveis? Por que digredir sobre um livro que me faz pensar? (Caso haja "motivo" para ler tal classe de livro) Criar um senso crítico sendo que ele não me beneficiará a curto pazo??? Não. Não quero ser um cara "chato" que só quer falar sobre coisas entediantes e difíceis.

Evidentemente, isso gera um ciclo vicioso. Mas ninguém escapa de se defrontar com uma situação que se descobre complexa. Nesses casos, simplesmente emite-se opiniões de senso comum que não levam a nada. O que restringe ainda mais tratar de assuntos como esse com conhecimento de causa. E gera certo ódio e confusão  tanto por não se entender o que se está discorrendo como por não estar a par da argumentação. É, quando o feijão com arroz não bastar, talvez só uma aspirina mesmo...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Retratos

Música:

Retratos – Rudy Rafael

Eu vejo chuva no deserto do teu sorriso

Eu sinto cores esperando o teu castigo

Aquele retrato que você não tirou

Aquele sonho abstrato que você desenhou

São palavras…

Palavras sem sentido e sem cor

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Não há mais tempo, o relógio dos teus dias já parou

Uma mentira escondida como a chuva que secou

A mensagem errada para quem não viu

Uma imagem forçada de quem nunca existiu

São retratos…

E retratos nunca provam um Amor

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Do que vale a vida sem o Amor?

Retratos nunca provam um Amor


Fonte

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pele


Depois de anos, suas peles haviam colado e ficara difícil de separar. Doía, sempre, que constantemente um ou outro forçava de ir para um lado contrário. Tentaram, inclusive, entrepassar uma faca; provaram de morfina, e ao que passava o efeito a dor voltava. Foi caso, de outrora, terem escondido um ao outro sob a roupa, a evitar constrangimentos. Chegou uma hora e não houve jeito, procuraram um médico. Disse o médico que a solução seria simples: anestesia geral, bisturi, e repouso. Hesitaram, de susto, ao que parecia simples e resolvível como nunca fora antes. Concordaram, por fim, e de resto só houve silêncio. Silêncio pelos dias que se arrastaram, por horas, por minutos, até que o médico adentrou a sala de cirurgia e o anestesista veio logo atrás. Deitados, se entreolharam, como uma despedida.

Acordaram horas depois sobre camas separadas. Pareceu sonho, em si, quando ele, ao abrir os olhos, encarou o teto hospitalar pálido e moveu o braço esquerdo, solto, leve, e sentiu a roupa de cama, sozinho. Virou o corpo; deitar de lado, enfim, não o fazia há muito, e nisso fitara o outro canto do quarto, e ela estava lá, virada de costas. Pensou em chamá-la, e não veio a voz. Uma enfermeira entrou no quarto e correu a cortina por entre as camas; disse-lhes que descansassem; receberiam alta na manhã seguinte.

Ele não dormira bem, e nem o café o animara; perturbava-lhe, sobretudo, a mórbida inércia do quarto. Foi que levantou, pela primeira vez, livre da outra metade. Leve, como uma pluma, caminhou até a janela, de onde vinha uma brisa fina da manhã. Ela já não estava mais no quarto; tinham a levado para um outro, dissera a enfermeira. Debruçou-se sobre o parapeito da janela, a percorrer os olhos sobre lá fora: as pessoas pareciam pesadas como nunca, em sua maioria, vinham rompendo o ar das calçadas, ao trabalho, a um encontro; angústia, nos passos, e ele apenas oco, tão leve que mal podia caminhar convicto, dar passos humanos sob ação da gravidade. E ao que seria fácil se deixar carregar pelo vento, fechou a janela; precisava deixar o hospital. Vestiu-se e desceu as escadas; procurava aprender o próprio peso, e não aprendia.

Entrou em um táxi, e pelo caminho as ruas e casas não mais tinham humor, nem verso; a vida como nunca deveria ter sido e agora estava sendo; a ausência injusta de um corpo, um corpo, que mais parecia ter sugado todo seu sangue. Ao que transpassaria um corpo estranho ao lado do próprio, sentiria um empurrão e não haveria músculo para o apreço do abraço; a pele alheia, seu grande vício, extinta; a alma sua, com os últimos meses, que passara a sorrir entrecortada, e no carinho, na ponta dos dedos bem havia um refúgio, nunca uma paz; a ânsia por liberdade, sem saber que quaisquer das coisas que a tangiam passavam pela terrível ideia de decisão, poder escolher o que se queria, ao que não há mais a paixão efêmera a guiá-lo.

Diante da mais urgente necessidade de percepção, logo a frente, estático, áspero, duro, estava o amor, o amor, o próprio, o amor não dito, não desenhado, não musicado, o amor, amor dos amores que escreveram a história e implodiram nos seres as mais veementes vontades. O amor estava claro, ao que não era mais pele, mas um vazio tocável; saía, líquido, pela cicatriz, do antebraço ao banco do carro. Chegou em casa, flutuando. Discou o número, em desespero; chamou uma vez e ela atendeu, sufocada, no cair de uma lágrima.




Arthur Wilkens

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Galilei

Nato al lume guizzante della candela
Scritto in tempi oscuri
Sulla vecchia pergamena
Scorre la penna
E dal suo braccio nasce
Il disegno delle volte celesti
È l'inizio dei tempi
E cambierà il mondo

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Distimia

Sexta é dia de: http://www.youtube.com/watch?v=5iC0YXspJRM&sns=em http://www.youtube.com/watch?v=37k_Ri1XxEc&sns=em