Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

sábado, 24 de dezembro de 2011

Evolução inteligente?


 Uma das coisas que mais me desperta desconforto e raiva para com a ciência é o reducionismo biológico, esse conceito dentro da biologia que tenta justificar todos atos e acontecimentos no mundo como a mister vontade da natureza em aperfeiçoar-se (ou adaptar-se). Simplesmente não consigo contemplar o fato de haver uma espécie de "inteligência genética" que tem sempre por alvo a perpetuação de seu material genético, sendo este o fim de todo comportamento do indivíduo.

 Como mecanismo regulador e progressista, a seleção natural parece criar indivíduos cada vez mais harmoniosos. Mas esse gene ou a constituição viva que permite a manifestação de um ânimo perfeccionista não parece concordar com o mainstream do método científico. Se considerássemos essas duas unidades como ansiosas para propagar seu genoma podemos esbarrar em problemas.

 O indivíduo tem sua percepção/interação com o mundo devido a um intrincado conjunto de sistemas. Desde as espécies mais simples até organismos mais complexos, a única explicação para a permanência da vida seria ou a mera ânsia por sobrevivência, pelo ser, ou este fator aliado à incongruente noção e força que um ser-vivo tem para a reprodução. Baseando-se assim que a propagação da espécie subordina a vontade de viver, admitiríamos uma consciência coletiva, bússola que aponta para a necessidade de manter a  vida - perdoem pelo pleonasmo - viva. Nesse sentido, excluindo o homem, os cientistas parecem querer demonstrar que existe uma força criadora que impeliria para o avanço, para a perpetuação. Força esta que, intimamente, eles desconhecem; pois é ironicamente passível de qualquer método científico.
Com o homem, ao saber que sabe, a consciência que a ele foi atribuída é permitido o dom das escolhas. Mesmo que estas não o levem ao caminho da "vida pós-morte" (geneticamente falando), ainda sim, o homem possui outra forma de animus primordial: a ânsia pela felicidade. O bem-estar, ou a homeostase - na maioria dos casos, sinônimo - é uma das pedras preciosas a ser mantida na vida de qualquer um. Também entra no quesito "felicidade" a gana pelo conhecimento, pela descoberta da verdade sobre as coisas que foram e sempre são infinitamente incertas. Ainda se tratando de homeostase, uma das formas mais específicas desse equilíbrio é quando o indivíduo encontra outros o qual ama, e até aquele(s) que ele escolhe para ser o(s) objeto(s) máximo(s) desse amor. Claro que aí, a ciência explica dizendo que esta é mera vontade inconsciente de espalhar o material genético. Com esta moderna visão restringe-se o motivo da amizade - tudo não passa de necessidade de convívio e proteção mútua de nossos antiquíssimos ancestrais - do matrimônio e muitos outros fenômenos sociais.

 Quando entramos no âmbito molecular como alternativa à vontade de propagar-se, é um tanto estranho, talvez devido ao conceito macroscópico de vida, que uma cadeia de ácidos nucléicos urguem pela mesma necessidade de continuidade. Mas o que me parece inconcebível, e até ilógico, é a relação de uma inteligência microscópica (evidente que, para a manifestação macroscópica de proteínas, é necessário um comando) que delimita a nossa inteligência. Isso seria incoerente devido à falta de qualquer "abstração" ou "pensamento"atribuido pela própria ciência aos genes. A única função dele seria análoga a de um disco rígido, e sua atuação, a de copiar seus dados.

 Isso ainda me parece fazer menos sentido, visto que é como se fossem as "pontas" que estivessem soltas. Todo o restante, e aquilo que se desenvolve no meio da possível finalidade, faria sentido. Ora, encontraremos um dia uma razão - não ligada à própria consequência (o que me lembra a velha briga entre biogênese e abiogênese) - para a perpetuação da vida?


Gabriel

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Listen

“If you shut your eyes, and contemplate reality only with your ears, you will find there is a background of silence, and all sounds are coming out of it. They start out of silence. If you close your eyes, and just listen, you will observe the sounds came out of nothing, floated off, and off, stopped being a sonic echo, and became a memory, which is another kind of echo. It is very simple; it all begins now, and therefore it is spontaneous.”

Alan Watts

sábado, 17 de dezembro de 2011

Pensar dói


Hoje ouvi uma coisa que me entristeceu profundamente. Numa roda de amigos, conversávamos sobre banalidades quando, por alguma razão, entramos em um assunto mais profundo. A coisa ia indo, evidente que nossas opiniões eram meros palpites sobre a questão (o qual não me recordo), quando aconteceu um silêncio constrangedor.
"Quem sabe não falamos sobre uma coisa que não precise pensar tanto? Esse assunto está me dando dor de cabeça."
No momento que a garota falou aquilo, era como se um ferro em brasa tivesse quimado minha pele. Sinto parte da ferida até agora.

O fato de um assunto, por ser muito complexo, não ser digno de atenção, implica em muitos comportamentos e visões de mundo. Afinal, por que razão, ou melhor, o que eu ganho em procurar entender por que existo? O sentido da vida? Por que existe tudo ao contrário de nada?

Dor de cabeça. Preguiça mental. Impotência vista de frente, nossas limitações tão claras que sua mera visão causa calafrios em nossas espinhas. Ao invés de eu abstrair e dividir visões de mundo, é mais fácil aproveitar para dar piteco no corriqueiro e banal (talvez porque não há visões a serem compartilhadas?).

Olho ao lado e vejo indivíduos falando com entusiasmo sobre carros e seus diversos modelos. A ênfase e energia posta nessa discussão é maravilhosamente contagiante, pois cada um tem tanto interesse por defender seu modelo predileto como aprender com o outro vantagens de se ter um motor 2.0 ou um automóvel da Fiat.

As trivialidades são e sempre foram a primazia por serem facilmente compreendidas.

As novelas pintam as discussões de um chá da tarde. Quem vai ficar com quem e como foi cada experiência provocam uma classe de sentimentos irresistíveis. Assistir a filmes de comédia é quase uma obrigação em dias que "não há nada para se fazer".

Não é mais fácil tagalerar e emitir julgamentos sobre coisas palpáveis? Por que digredir sobre um livro que me faz pensar? (Caso haja "motivo" para ler tal classe de livro) Criar um senso crítico sendo que ele não me beneficiará a curto pazo??? Não. Não quero ser um cara "chato" que só quer falar sobre coisas entediantes e difíceis.

Evidentemente, isso gera um ciclo vicioso. Mas ninguém escapa de se defrontar com uma situação que se descobre complexa. Nesses casos, simplesmente emite-se opiniões de senso comum que não levam a nada. O que restringe ainda mais tratar de assuntos como esse com conhecimento de causa. E gera certo ódio e confusão  tanto por não se entender o que se está discorrendo como por não estar a par da argumentação. É, quando o feijão com arroz não bastar, talvez só uma aspirina mesmo...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Retratos

Música:

Retratos – Rudy Rafael

Eu vejo chuva no deserto do teu sorriso

Eu sinto cores esperando o teu castigo

Aquele retrato que você não tirou

Aquele sonho abstrato que você desenhou

São palavras…

Palavras sem sentido e sem cor

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Não há mais tempo, o relógio dos teus dias já parou

Uma mentira escondida como a chuva que secou

A mensagem errada para quem não viu

Uma imagem forçada de quem nunca existiu

São retratos…

E retratos nunca provam um Amor

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Você já tem o seu café na cama

E o seu quarto cheira a alecrim

Não tema, garota, vai ser sempre assim

Retratos parados no tempo

A vida sem sabor

Do que vale a vida sem o Amor?

Do que vale a vida sem o Amor?

Retratos nunca provam um Amor


Fonte

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Pele


Depois de anos, suas peles haviam colado e ficara difícil de separar. Doía, sempre, que constantemente um ou outro forçava de ir para um lado contrário. Tentaram, inclusive, entrepassar uma faca; provaram de morfina, e ao que passava o efeito a dor voltava. Foi caso, de outrora, terem escondido um ao outro sob a roupa, a evitar constrangimentos. Chegou uma hora e não houve jeito, procuraram um médico. Disse o médico que a solução seria simples: anestesia geral, bisturi, e repouso. Hesitaram, de susto, ao que parecia simples e resolvível como nunca fora antes. Concordaram, por fim, e de resto só houve silêncio. Silêncio pelos dias que se arrastaram, por horas, por minutos, até que o médico adentrou a sala de cirurgia e o anestesista veio logo atrás. Deitados, se entreolharam, como uma despedida.

Acordaram horas depois sobre camas separadas. Pareceu sonho, em si, quando ele, ao abrir os olhos, encarou o teto hospitalar pálido e moveu o braço esquerdo, solto, leve, e sentiu a roupa de cama, sozinho. Virou o corpo; deitar de lado, enfim, não o fazia há muito, e nisso fitara o outro canto do quarto, e ela estava lá, virada de costas. Pensou em chamá-la, e não veio a voz. Uma enfermeira entrou no quarto e correu a cortina por entre as camas; disse-lhes que descansassem; receberiam alta na manhã seguinte.

Ele não dormira bem, e nem o café o animara; perturbava-lhe, sobretudo, a mórbida inércia do quarto. Foi que levantou, pela primeira vez, livre da outra metade. Leve, como uma pluma, caminhou até a janela, de onde vinha uma brisa fina da manhã. Ela já não estava mais no quarto; tinham a levado para um outro, dissera a enfermeira. Debruçou-se sobre o parapeito da janela, a percorrer os olhos sobre lá fora: as pessoas pareciam pesadas como nunca, em sua maioria, vinham rompendo o ar das calçadas, ao trabalho, a um encontro; angústia, nos passos, e ele apenas oco, tão leve que mal podia caminhar convicto, dar passos humanos sob ação da gravidade. E ao que seria fácil se deixar carregar pelo vento, fechou a janela; precisava deixar o hospital. Vestiu-se e desceu as escadas; procurava aprender o próprio peso, e não aprendia.

Entrou em um táxi, e pelo caminho as ruas e casas não mais tinham humor, nem verso; a vida como nunca deveria ter sido e agora estava sendo; a ausência injusta de um corpo, um corpo, que mais parecia ter sugado todo seu sangue. Ao que transpassaria um corpo estranho ao lado do próprio, sentiria um empurrão e não haveria músculo para o apreço do abraço; a pele alheia, seu grande vício, extinta; a alma sua, com os últimos meses, que passara a sorrir entrecortada, e no carinho, na ponta dos dedos bem havia um refúgio, nunca uma paz; a ânsia por liberdade, sem saber que quaisquer das coisas que a tangiam passavam pela terrível ideia de decisão, poder escolher o que se queria, ao que não há mais a paixão efêmera a guiá-lo.

Diante da mais urgente necessidade de percepção, logo a frente, estático, áspero, duro, estava o amor, o amor, o próprio, o amor não dito, não desenhado, não musicado, o amor, amor dos amores que escreveram a história e implodiram nos seres as mais veementes vontades. O amor estava claro, ao que não era mais pele, mas um vazio tocável; saía, líquido, pela cicatriz, do antebraço ao banco do carro. Chegou em casa, flutuando. Discou o número, em desespero; chamou uma vez e ela atendeu, sufocada, no cair de uma lágrima.




Arthur Wilkens

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Galilei

Nato al lume guizzante della candela
Scritto in tempi oscuri
Sulla vecchia pergamena
Scorre la penna
E dal suo braccio nasce
Il disegno delle volte celesti
È l'inizio dei tempi
E cambierà il mondo

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Distimia

Sexta é dia de: http://www.youtube.com/watch?v=5iC0YXspJRM&sns=em http://www.youtube.com/watch?v=37k_Ri1XxEc&sns=em

sábado, 19 de novembro de 2011

Acapella


Teus olhos me divertem.
Diz, quando está de bom humor.
O homem agora ajeita seu chapéu
E arranca um sorriso da garota.

Ambos pintam o sinuoso quadro
O pequeno e apertado quadro
Esboçado em verniz
Que a rua de nome-de-flor emprestou.

Você paga a conta,
Ele começou.
Jamais,
Ela nunca se cansava daquilo.

Ela pensa que ele é um artista.
Ele, que ela é duplamente ingênua.
Ambos seguem por um caminho
Ambos conhecem-o.

Seus olhos se encontram, uma vez que outra.
Jamais aqueles olhos azuis foram cativados
É evidente, ele sorri sozinho.
Ela, curiosa, tenta usar o cabelo.

É que ele amava o jeito que ela tocava no cabelo.
Quero algo diferente hoje,
Depende,
Você que sabe.

O caminho foi alterado
Mas será que não continuou?
Algo lá, bem no fundo, espectral
Faz o que todo domingo é de costume...

Ela acorda tarde.
Acorda faminta.
Acorda esquecida.
Quero ir para casa,

Ele, continua a apertar
Que lindo pescoço!
Que boquinha vermelha!
Que biquinho mais fino…

Ela grita.
Ele geme.
(Dá para ouvir os sons do outro caminho)
Ele termina acariciando, devagar, as mechas louras.

(Agora os fantasmas se despedem, 
ele feliz, esperando a próxima vez,
a vez que de tão intensa
ela vai entender...)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A Macabre Illustrator

Edward Gorey é(foi) um americano ilustrador de contos macabros.

Alguns de seus desenhos:








Principais livros que ilustrou:

Old Possum's book of practical cats


The house with a clock in its walls


The spell of the sorcerer's skull


The mansion in the mist


Dracula



:)
Ntx

domingo, 13 de novembro de 2011

Utopia

Não há tempo para a poesia;
nem nunca houve; não há humor;
não há lirismo no cerne da carne;

e haverá?

que colhe a mão o alimento,
a madeira, o trigo; bate a mão
o cimento e a farinha do pão;
pai e mãe querem o sustento,
e os pequenos choram à mesa
estonteados; e não há beleza;

o choro à mesa tritura um coração;

e vêm os tempos de sol,
e lavra a mão a terra dura,
põe na pata a ferradura;
o peito humano é armadura,
a mão humana é arma dura,
o coração é alma dura;

e a poesia não vive;

onde vive a poesia no corpo faminto?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Soneto do Homem Fêmea

Era um homem que gostava de rosas
vermelhas, rosas em lépidas formas
em buquê, rosas em laço de entranhas
em nó, rosas de amores, de roseiras.

Era um homem que escrevia sonetos
à amada, cantarolava os librettos
barrocos de operetas, e em rubatos
de lira, jogava aos prantos o peito.

Era um homem fiel, e que não fosse,
era homem amado, homem amante
da vida, das cores, de um jeito doce.

Era um homem fêmea; morreu em frente
ao próprio amor, de paixão decadente;
em sangue, num golpe, adeus de repente.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Boi

este é um dos meus poemas preferidos de Drummond; espero que apreciem.

Ó solidão do boi no campo,
ó solidão do homen na rua!
Entre carros, trens, telefones,
Entre gritos, o ermo profundo.

Ó solidão do boi no campo,
Ó milhões sofrendo sem praga!
Se há noite ou sol, é indiferente,
A escuridão rompe com o dia.

Ó solidão do boi no campo,
Homens torcendo-se calados!
A cidade é inexplicável
E as casas não têm sentido algum.

Ó solidão do boi no campo!
O navio-fantasma passa
Em silêncio na rua cheia.
Se uma tempestade de amor caísse!
As mãos unidas, a vida salva...
Mas o tempo é firme. O boi é só.
No campo imenso a torre de petróleo.


abrs.
Arthur

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ENEM

Oi pessoal! Como vocês foram esse ano? O que acharam do ENEM?
Podemos abordar aqui o fato de parte do exame ter vazado mais uma vez...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Biblioteca de Links

caso ainda não tenham percebido, surgiu, não por acaso, uma nova página no menu do blog. criei a Biblioteca de links com o intuito de organizarmos um acervo fixo e de fácil consulta onde vamos poder deixar os links mais interessantes, que possam ser úteis a todos que por aqui lêem ou escrevem. sintam-se a vontade (ou pressionados, como quiserem) a contribuir quando possível para que a página ganhe utilidade pública. para inaugurar, trouxe um link fabuloso que me passaram hoje: uma página que permite ao usuário apreciar os afrescos da Capela Sistina no ambiente 3d. confiram lá.

abrs.
Arthur

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Nascido

Etéreo, nascido, um corpo soprado
à imensidão da via celestial.
Os teus braços eram levinhos,
não alcançavam a rosa; quisessem.

E a rosa era quieta, desejosa.
Toca-me, era como se dissesse.
Tu, porém, eras ingênuo, incompreendia;
a mãe ergueu-te; eram braços vigorosos.

Ofuscava uma luz, um toque
sobre a pele, pálida, em sangue;
o cheiro esquisito, do pai, da mãe.
O teu contorno era um milagre.
Tu eras bravo, foi por um tempo;
que a febre de sentir caiu-te mais tarde.

E dali, passaste a sonhar, a querer;
viu-te alimentar, andar, correr.
As coisas da vida; passou a ter
um pouquinho de fé para o dia-a-dia.

(Arthur Wilkens)

sábado, 15 de outubro de 2011

Defeitos e virtudes

"Professora, o que aconteceria se houvesse um mundo que todos fossemos perfeitos?"

"Olha, provavelmente seria um mundo sem graça, pois o que nos faz diferentes são os nossos defeitos."

Essa frase, que minha querida maestra proferiu para mim lá pela terceira, quarta série, mostra a ideia abestalhada que MUITOS temos como certo.

Sim, muitos de nós acreditamos que os defeitos são coisas únicas e preciosas, por isso adoram aninhá-los como filhos e até se exibem com orgulho ao dizer:

"sou vingativo"
"sou uma pessoa muito orgulhosa"
"fico possesso com qualquer um que venha falar com minha namorada"

E a tolice disso, chega ao cúmulo com a batida e mecânica desculpa: "Niguém é perfeito, nem nunca será". Essa é a inversão de valores que mais me preocupa. Desde quando as pessoas tomaram esses sentimentos danosos como valores? Ninguém está se esforçando para se aprimorar como gente, porque ninguém quer se DESFAZER de seus queridos rasgos psicológicos.

E o mais contraditório de tudo isso é que boa parte das amarguras e infelicidades do mundo vêm do descontrole da nossa personalidade, do livre fluir de desejos, ideias ou pulsões mecanizadas que de nada acrescentam, a não ser a sua auto-satisfação quando cumpridas.

Parece que virou algo completamente tolo tentar ser alguém melhor (isso quando a pessoa tem plena consciência de seus defeitos, quando eles estão ali, quase sambando na cara da pessoa, pois tem quem é cego e só vê "a palha no olho do outro"). Será que uma pessoa virtuosa não pode ser única? Ela perderia mesmo sua identidade?

Será que tentar ser um pouco diferente, reconhecer nossos erros como matéria-prima de uma lição é tão ruim assim? Não é fácil. Nem indolor. Da mesma forma que ficamos recorrendo às mesmas situações pelos nossos defeitos e nos machucamos nelas, vai doer também.  Mas pense como um remédio de gosto ruim ou uma picada de vacina: são males necessários que acabam e evitam algo pior. Por que se não procuramos mudar com um esforço consciente, a vida se encarrega de acabar com o defeito que mais faísca na gente, depois de muito sofrer. E bater várias vezes na parede para entender que tem algo sólido ali não é algo nada esperto de se fazer.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Palavras-chave de pesquisa do Randomicoteca

Segue a lista das palavras-chave que escoam visitas ao blog:

randomicoteca

ovnis

megan fox sem maquilhagem

poema arcade

cavalo marinho

megan fox sem maquiagem

bumba meu boi

lord byron

equidna

imagens de ornitorrinco.

lol

de acordo com as estatísticas do Blogger.

sábado, 8 de outubro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Cidade

Pelas veredas urbanas, há uma concreticidade; transcorre a vida uma enfermidade pesada. Hoje, aqui, é o trabalho, inércia vaidosa do corpo, a findar as pencas coloridas de sonho, lucidez; a findar o quê de paixão no meio do aço.

sábado, 17 de setembro de 2011

Roberto Carlos e as baleias

Roberto é conhecido por todos nós como o Rei da música. Também é conhecido como um dos principais responsáveis pela Jovem Guarda, e compositor e intérprete de "Eu te amo eu te amo eu te amo", "Emoções", "Detalhes" e "Amigo", sendo esta última música parodiada pela torcida do Timão (Não pára, não pára, não pára!).

Mas, há uma música do Roberto Carlos que não costuma circular nos meios de comunicação. Nem na Internet é comum você ouvir essa música. Ela fala sobre a sua tristeza diante da matança indiscriminada de baleias, e numa época que "consciência ecológica" não era moda e dificilmente virava conceito de brinquedo para crianças menores de 10 anos. Essa música merece ser postada. E, dessa vez, não vou colocar os versos dessa música. Depois posso atualizar e colocá-las, mas fica o convite para ouvi-la. Divirta-se... e reflita.



Update 17/09/2011: Quando eu programei este post pra ser publicado no dia de hoje (17/09), eu não imaginava que ontem (16/09) o Roberto Carlos viraria Trend Topic no Twitter por causa de sua entrevista no Jô. Pelo que meus pais falaram, ele mostrou ao Jô porque ele é o Rei. E eu acredito que este post mostra que ele é o cara, MESMO com suas canções menos conhecidas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Beirut

Banda de Santa Fé, Novo México. Gostei e quero compartilhar com vocês. Eu pesquisei e fala que é uma banda que combina elementos do folk do leste europeu. Também descobri que a música Elephant Gun foi tema dos protagonistas da microssérie Capitu, mas eu não assisti e não tenho como lembrar.

Nantes - ao vivo, filmado em Paris:

Elephant Gun:


Boa sexta-feira pra vocês.
Juliane

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dor de cabeça

Conforme prometido, estou postando um texto. Este texto foi postado originalmente no blog Observo e escrevo no dia 6 de setembro de 2011.

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Dor de cabeça - 'taí uma das dores mais chatas de se sentir. Dor nenhuma é boa de se sentir, mas com uma dor no pé é mais fácil de se resolver os problemas do dia-a-dia do que com uma cefaléia. E estou sentindo dor de cabeça por causa do sol da tarde, que estava ardido demais! (É 1 hora da manhã e ainda sinto um pouco dessa dor.)

Mas uma coisa que eu aprendi com outras dores de cabeça que tive é que não adianta se irritar com ela. Eu, quando estava entre a 1ª e 4ª série, ficava esbravejando por causa disso. Mas eu aprendi a me acalmar nessas horas. A cabeça já está quente mesmo, pra quê ficar esquentando a cabeça, né?

Essa minha dor de cabeça de hoje me fez lembrar um dia, entre a pré-adolescência e o começo da adolescência. Eu morava na casa de minha vó paterna, e minha mãe estava com dor de cabeça na sala. Eu fiquei ali, assistindo a minha vó cuidar da minha mãe, enquanto minha mãe ficava dizendo quase que incessantemente: "Ai! Ai! Ai!". Minha vó deixou minha mãe de molho lá na sala, com um pano de fralda dobrado em forma de faixa, com rodelas de batata entre a testa e o pano. "Ih! Pra quê isso?! Isso é frescura!", disse a minha vó sobre os gemidos de mamãe.

Passou um tempo, e minha vó volta com um copo americano quase cheio d'água. Ela tirou a fralda da testa de minha mãe e coloca o copo em seu lugar. Não demorou muito, e eu vejo a água do copo fervendo! Minha vó ficou impressionada com aquilo, e rapidinho tirou o copo da testa da minha mãe e mais rápido ainda jogou a água fora no quintal. (Se eu não me engano, parece que tentaram colocar o copo de novo na cabeça da minha mãe, mas ferveu de novo.) Nesse momento eu e minha vó pudemos notar que não era frescura, de fato!

Bom, o que me resta é caçar um paracetamol ou algum outro "cura-dor-de-cabeçol" eficaz antes que eu seja obrigado a aproveitar a fervura da minha testa pra fazer miojo. Preciso dormir, pois amanhã, se tudo der certo, serei um ex-desempregado. Inté mais. A gente se fala por aqui. E sem dor. :)

Estátua

Dorme, sobre um véu,
tua estranha poesia;
é duma tara dourada
cheia de flores;
pele de verniz,
é um corpo
e um rosto;
uma alma;
é uma estátua;
és estátua;
é uma pena.


Arthur

domingo, 11 de setembro de 2011

Mais um sábado

Tudo normal. Tudo absolutamente normal. É mais um sábado à noite no subúrbio. Da casa branca e retangular vejo um show multicolorido, que perpassa até mesmo as cortinas (o engraçado é o tamanho da janela, que contrasta com a vontade de privacidade ao colocar-se cortinas tão espessas). Ouço de repente uma vozinha. Um som incomum, parece de uma criança. Fico cuidando de onde ele sai e percebo que se trata de um bichano. Gatos podem ser cagantes à noitinha. Sabe, eu nunca tinha feito o que eu agora faço: ouvir moonlight sonata sob à lua cheia. É tão bom... E triste também. Por mais que a casa na qual a varanda que eu estou agora não está ocupada, fico receoso que passe algum carro da polícia para reclamar. Ainda não deu para digerir o que ela me disse... Será que era verdade? Será que ela realmente...?
Boom.
De repente esse barulho. Do nada, mas ainda sim alto. Parece bomba, mesmo que eu nunca tenha visto uma explodir. Caralho, um gambá acaba de passar por mim. Eu até entendo, em parte, o habito noturno do animal.
Boom.
De novo essa bosta. Começo a ficar tenso com o barulho. NOSSA, ele, o gambá, está muito perto de mim. Subiu a lomba que tem na minha esquerda. Será que gambá é arisco? Ou morde? Fico procurando-o com a cabeça, lá e cá e a música acaba.
Fica um silêncio. Bah, eu acho que o bichinho é cego, por que
BOOOOOOOOOOOOOOOOM.


Ok, indo dormir.


Ass.: Gabriel Engelman

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Como fazer uma explosão de palitos de sorvete? Aqui temos a resposta!

Pessoal, eu vou postar vídeo aqui de novo, mas em breve postarei um texto, nem que seja um texto já postado em algum blog meu, ok?

Bom, esse vídeo é muito legal. Lembra os programas X-Tudo e O Professor que passavam na TV Cultura. Nesses programas você aprendia ciência sem fazer cara feia. Era divertido até pra um não-nerd.

O canal do Youtube onde se encontra esse vídeo se chama "Manual do Mundo", e ensina - vejam vocês! - a fazer explosão de palitos de picolé! Fazia tempo que eu não via um vídeo tão bacana, divertido e educativo ao mesmo tempo. Divirta-se!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Você quer rejuvenescer?

Então prepare-se para correr na velocidade da LUZ!

Dilatação do Tempo:
1) Para referenciais em movimento o tempo passa mais lentamente, ou seja, o tempo sofre uma dilatação.
2)Relógios em movimento medem a duração de eventos mais vagarosamente do que relógios em repouso. Os relógios em movimento atrasam-se.

"Uma interessante ilustração da compressão do tempo é o paradoxo dos irmãos gêmeos. Suponha que dois irmãos gêmeos encontrem-se no planeta Terra com 10 anos de idade. Um deles irá realizar uma viagem espacial a uma velocidade de 0,99c (c=velocidade da luz) com duração de 10 anos(tempo da NAVE) e o outro irá permanecer na Terra. Muito surpreso estará o viajante espacial quando encontrar o seu irmão com bem mais de 20 anos.

Pois:
Tterra=Tnave/V1-(v/c)²=10V1-(0,99c/c)²=70,8 anos!

Ou seja, enquanto para o irmão que estava viajando no espaço por 10 anos, passaram-se 70 anos na Terra! Distorção tempo-espaço causada pelas velocidades relativas...
Assim, ao retornar para a Terra de sua viagem espacial, encontraria o seu irmão que aqui ficou como um senhor de 81 anos de idade.

Podemos também observar a contração do espaço pois a distância para o irmão da Terra seria de 70 anos luz e para o da nave de apenas 9,9 anos luz.

Os fatos físicos anteriormente mencionados, a contração do espaço e a dilatação do tempo, são os argumentos utilizados pelo eminente cientista do Século XX, Carl Sagan, para afirmar sobre a possibilidade de viagens intergaláticas no futuro. Imaginando o diâmetro da galáxia de 100 mil anos luz, um viajante numa velocidade de 0.999999975c demoraria, considerando um relógio na nave, um tempo igual a aproximadamente 22 anos, tornando possível o conhecimento de toda a Via Láctea. Porém, ao retornar ao nosso planeta, 100 mil anos teriam passado. Estaríamos nós prontos para esta surpresa?"

Então corra muito, corra muito que o tempo passará bem devagarinho para você. :*

Nathália

domingo, 28 de agosto de 2011

Sinos

Quando se badalam os sinos,
estridentes, sobrepõem
o pungente ruído urbano.

(Arthur)

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Nathix

precisamos saber se vc vai ir, pra mim pegar ou não o onibus.
Responda até as 13;45!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Curta o curta.

O vídeo a seguir eu vi em outro blog. Se aqui fosse um Tumblr, eu reblogaria, mas como não é, eu tive um pouco mais de trabalho para repostar.

Esse vídeo é um curta-metragem muito... fofo, digamos. Vale a pena ver. Mostra que é possível existir beleza nas grandes cidades. O link do blog em questão é esse AQUI. O vídeo é esse embaixo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Sapientia

 Existem, no homem, dimensões tão transcendentais que extrapolam a própria "humanidade" dele. Como assim? Bem, certas questões (que fogem a qualquer atividade ou menção cotidiana), quando encaradas sob uma ótica sem paradigmas e cientes da incapacidade de compreensão delas, conferem ao indivíduo, pouco a pouco, ir achegando-se do summum mistério e aperfeiçoando-o como ser pensante e sensível.
 Um exemplo, seria sobre a finitude do universo: é ou não nosso universo - isto é, tudo o que existe - um ente finito? Tão fadado a um fim como nosso curto período de vida? Não seria esta uma das maiores contradições da existência? Há também outras questões interessantes: o mistério pós-morte, quais são os reais limites e potenciais intrínscecos em nós... Ao passo que a ciência vai tentando resolver alguns dilemas e traz à luz estas e outras questões triviais, o ser pensante processa a informação e quais as consequências destes vinculadas à realidade (a ciência, para mim, é, portanto, parte da "matéria-prima" da filosofia). Veja que nenhum destes mistérios possui uma resolução aparente. Ou melhor, talvez encontremos uma resposta, que, mais tarde, mudará. Entretanto, o resultado desta "dialética do pensamento" é um desdobramento e maior profusão da razão crítica.
Respostas, respostas; o animus do homem é um ente selvagem, inscaciável por natureza. É ele que comanda o indivíduo a procurar por mais compreensão e viver mais mudanças. Uma vida estagnada está fadada à degradação, pois é incompatível com o próprio conceito de vida. Seja mudança do pensar, do sentir, do ver... Mas mudar - preferencialmente para melhor - é quase um dever para chegar à satisfação e equilíbrio deste animus, ou alma. A alma tem uma estreita relação com questões transcendentais, pois ela é imperfeita: seja pelo limite físico à ela imposto, seja por sua possível natureza incompleta, a certeza que tenho é que ela faz o possível para compreender os motivos de sua própria existência bem como a gênese de tudo o que é externo a ela, mesmo que saiba que, provavelmente, jamais chegará a resposta alguma.
À substância pensante, usando da terminologia descartiana, só foi conferida o poder de obter um conhecimento quase ordinário, se compararmos a magnitude das questões aqui propostas com o resto trivial. Claro que, chegando a isto, vemos que este é um possível dilema - ou causa - que move o Ser: nunca alcançar uma meta, mas almejá-la de todas formas não torna a nossa existência uma detentora da sapiência primordial, esta possivelmente enfadonha e estagnada. Ao menos por hora.

Gabriel (via sujeitoaminhaexistencia.blogspot.com)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Promoção da felicidade

Esse vídeo é relativamente antigo, e frequentemente é reprisado na televisão brasileira naqueles Top Internet da vida. Mas eu o postei por um simples motivo: eu sou a favor da promoção da felicidade. Um projeto relativamente "sem noção" foi capaz de produzir em muitas pessoas uma felicidade semelhante ou igual àquela que sentíamos quando éramos criança, em que não precisávamos ficar com tanto medo de parecer ridículo na frente dos outros.

Agora, dê o play e tenha ideia do tanto de pessoas que ele foi capaz de convencer em fazer uma dancinha bem peculiar. Divirta-se! :P

encontro oficial do blog


olá,
convido-os a participarem do primeiro encontro oficial do querido Randomicoteca, que realizar-se-á em data e local a serem discutidos. a ideia é tomar um café, assistir a um filme e bater um papo esperto, bem como discutir propostas para a continuidade efetiva do blog. manifestem-se!

Arthur

domingo, 7 de agosto de 2011

AYO VISTO LO MAPPAMUNDI (Kyrie) - Juan Cornago (S. XV)

Mais um capítulo da série "mapas antigos = true ART" no Randomicoteca. Segue a Kyrie de Juan Cornago (Século XV) no ritmo das Grandes Navegações.



Atenciosamente, Nathália.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Retrato Urbano

Fazia tanto frio na praça, que Francisco julgou provocar-se um estalo entre os dentes, um estalo seco, pois não podia vir de nenhum outro lugar o som que ouvira, ainda que tão absorto estivesse, estagnado no banco, acordou-se perplexo, no secar de uma última lágrima, e soprava tão finamente o vento naquele fim de tarde que ninguém veria uma folha sequer arrastar-se pelas calçadas apetecendo o ouvido de qualquer resquício nostálgico que desse de vagar pela cabeça. Francisco mordiscou o filtro do cigarro, estalando os dentes mais uma vez. Tinha o receio em tirar a mão do bolso quente e bater a cinza ao chão, confortando-se em deixá-la cair sobre o próprio sobretudo, e a fumaça, tão serena dobrava-se sobre a aba da boina, contornando o tristonho semblante de um homem que, a última coisa que podia transparecer, é que perdera completamente a noção do tempo. Teriam passado trinta, quarenta, cinquenta minutos, muito provavelmente mais de uma hora, e sabia tão bem Francisco que sua verdadeira vontade era de não voltar em casa pelo menos até alguma hora da madrugada que contentou-se, com os olhos sombreados em fitar vagarosamente um velho que atravessava o largo, ofuscado com os últimos raios de sol que manchavam sorrateiramente o dia nublado, segurava uma sacola, voltando da padaria, quem sabe, onde comprara um baguete ou meia dúzia de pães. Levantou-se Francisco e andou em passos lentos até o centro do largo, onde leu num busto em mármore, Dom Feliciano José Rodrigues de Araújo Prates, e diante da estátua a encarou, consentindo que a tocasse despretenciosamente, sentiu na ponta dos dedos a pedra fria e gasta, tão somente um material esculpido, nem mesmo uma deixa de condolência. Baixou a cabeça, e em passos pesados acompanhou os próprios pés Francisco, voltava infernalmente a projetar Marina, que não chorava, e tão frias eram as mechas negras sobre o rosto frágil, escondiam uma expressão agoniada, mas não ao passo do desespero, que lhe seria satisfatório, e indiferente como nunca a vira, absolutamente inconcebível, fazia-lhe mal lembrar quaisquer das palavras ditas, fazia-lhe mal lembrá-la virando o corpo e partindo, talvez aquela mesmo teria sido a primeira imagem que teve da mulher independente que sempre almejou, dali mesmo sem hesitar em diminuir o passo ou dar a volta. Em verdade, fazia-lhe tão mal lembrar a cena pois não era possível que aquilo fosse compreendido como passado, porque passado é aquilo que já se viveu, que já se foi e é apenas memória, não como Francisco sentia agora, a tragédia ainda mais crua que lhe parecia doer o peito, arrastava-se cabisbaixo, ainda com as mãos no bolso, envergou o rosto em desespero e fechou o punho, e nenhuma lágrima escorreu, porque não bastaria. Naquele momento apertou o vento um bocado, e ouvia-se pela primeira vez o andar das folhas sobre o asfalto, lembraram a ele um chocalho, e nesse segundo começou a chover por ali de mansinho, emoldurando de longe Francisco, Dom Feliciano e uma cidade molhada, cheia de luzes.

Arthur Wilkens

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pois é: a vida segue!

Você, caro leitor, deve conhecer - ou ser - alguém que fica remoendo o passado. Achei um refrão de música que serve certinho para essas pessoas. Aqui, no Randomicoteca, já foram postadas algumas músicas, e essa daqui merece ser postada também pela letra. Se você odeia Pop Rock Nacional, fique a vontade para ler os versos abaixo.



A Vida Segue
Velters
Gutto Silva

Se a solidão te visitar
Procure ver e perceber
Porque o seu lar deixou de ser o meu lugar
Não há razão pra você dizer
Procure apenas encontrar
Tudo o que você perdeu
E não tente me culpar

(Refrão)
"A vida segue e você se esquece
De continuar vivendo é alto o preço do recomeço
Tente aprender com os erros
Se lamentar não vai trazer de volta
Vê se esquece tudo
E volta a viver"

Esqueça enfim o que você perdeu
Procure não se lamentar
Isso não vai lhe ajudar a conseguir
Recomeçar... esquecer de tudo que um dia lhe foi bom
Eu disse: - Tudo um dia acaba, nem sempre na vida é ganhar!

Refrão!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Tomb Raider Lucozade



Drink Lucozade, give the dogs the slip and sprints to safety.

Rápida constatação

"...Ora, uma forma de o indivíduo se colocar acima dos outros, quando em verdade pode sentir o oposto, é tratar os demais como estes sendo pessoas mais novas, um falso afeto de irmão mais velho."

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Boundless

A sala é negra. Os móveis quase não se movimentam mais. Recuso-me a gritar e chamar por gente. Não há ninguém mesmo, dialogo só. Restos das imagens de um dia me fazem refletir. Sobre a transitoriedade da vida, nada é para sempre, eles dizem. Descubro que nesse estado semi-latente posso ir aonde quiser. O espaço é uma dobra, subo em suas protuberâncias e venço o tempo negativo. Ali estão eles: meus irmãos. Do que adianta invocar claridade e alegria se tudo o que transparece pelo meu par de córneas é desbotado por difusas sombras? Sou mais que alguém aqui. Sou um princípio. Sou e não soi algo infinitamente superior. Vejo-me pulando este mundo. Há tantas constelações, tantos retratos nebulosos... Do que adianta esse retrocesso no tempo? Minha alma já se inflou de melancolia e finitude que povoam o agora! O homem quer tanto descobrir seus segredos... Mas as mudanças que estes proporcionam terminam com o próprio homem.

Por que perdurei?

É um eco que meu fantasma permite emitir. Há poucos luxos nesta sala, dos quais não podemos disperdiçar nenhum. Já sinto as paredes enrugando-se e contraindo ao meu redor... É inevitável. Este momento - indefinido por suposto - é aquele que posso aproveitar o bom dos dois mundos: as leis já não são as mesmas. Um homem só não aproveita mais nada, nem mesmo que. . .

Eu sabia. Havia alguma coisa no quarto. Peço com toda vontade para que finalize logo. Não posso mais escapar pelos quadros, os tubos conectados a eles se fecharam. Minha massa prossegue deformando o espaço ao redor. (Subitamente uma lágrima cai da face da criatura febril e pálida. Ela não entende sua presença.) Ela está de braços abertos, e não há mais tempo. Compreendi a verdade e aceitei-a. Não existe diferença entre ela e meu entorno. Mais uma vez: não existe entorno.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Kings Of Convenience - Misread

Kings of Convenience é uma "banda" de folk rock norueguesa fundada nos anos 90. Eles não são muito conhecidos, mas um dia desses eu estava no carro e tocou uma música deles na Antena 1, o que me impressionou substancialmente. Resolvi, então, postar aqui um vídeo deles de que eu gosto especialmente pela simplicidade e beleza.



Espero que tenham gostado da minha indicação (indico que vocês ouçam todas as outras músicas deles!! ^^)
Antenciosamente, Nathália.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Meu primeiro livro, rs

Esses dias me veio à memória um livro que eu li,na verdade, o primeiro que eu li [SOZINHA] !!! UAIHSIAUHSISUH

Esse livro é... "Bruxa Onilda vai à Inglaterra"!! ^^

Eu deveria ter uns 7 anos na época e lembro que pensei: "Nooossa... são 32 páginas!!!" aoihsoaihsaioshdh

Pequeno resumo:
"Bruxa Onilda descobre que um aristocrata inglês oferecerá uma recompensa para quem acabar com o fantasma que ronda seu castelo. Não tem dúvida: monta em sua vassoura e segue para a Inglaterra. Lá conhece o Palácio de Buckingham e o Big- Ben.

Ao chegar à casa do magnata, a bruxa descobre que o fantasma em questão é um velho amigo seu. Como Bruxa Onilda resolverá esse impasse?"



And what about you?? :D

Nathália

segunda-feira, 4 de julho de 2011

04/07/1983

''Se me disseres que chegarás pelas quatro, desde às três já serei feliz.'' Só que por enquanto ainda é cinco, e tu provavelmente chegarás pelas oito, e já estou sentindo-me feliz.
Gosto muito de escrever-te, porque sei que assim consigo alegrar-te e para mim, nada mais deixa-me tão feliz do que vê-lo contente. Acho que a felicidade é ter-te feliz.
Falando de outras coisas, estou dando aula para uma classe especial hoje. Horrível! Não param. Dá vontade de sair correndo pela porta. Trabalhar com crianças não é fácil. A gente precisa ser um bocado otimista, achar que dias melhores virão. Ainda assim, a gente se apega demais a estes pequenos e quando eles se vão, sinto que poderia ter dedicado-me mais a eles.
Contigo, às vezes sinto o mesmo. Acho que não te recebi como mereces na quarta-feira passada. Acho que ainda não aprendi a dedicar-te todo o meu amor. Mas isso tem uma explicação: Ele é tão grande e profundo, e nunca se entregou totalmente a alguém.
Outra vez os alunos me interrompem e o meu pensamento é cortado.
Gostaria de escrever-te mais, porém já é hora de sair. Graças a Deus.

Um beijo, da sempre tua, Marta.

Arthur

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bach e a Kaffee-kantate


Durante o século XVIII, o consumo de café pelas jovens alemãs era motivo de censura diante da crença popular de que o seu consumo diário poderia causar esterilidade e histeria, além de que era um produto caro por causa das taxas alfandegárias. Foi nesse contexto que Zimmermann, dono de uma cafeteria em Leipzig frequentada por muitos músicos, encomendou a Bach uma peça que fizesse apologia ao consumo do café.

Diferentes de todas as outras cantatas, solenes e de caráter religioso, a BWV 211, ou Kaffeekantate, "Cantata do Café", é uma pequena opereta cômica com texto de Christian Friedrich Henrici que retrata a discussão entre Schlendrian e sua filha Liechen, uma jovem solteira apaixonada por café, que deseja garantir seu direito de tomar suas três xícaras de café diárias. O seu pai a reprime e diz que jamais arranjaria-lhe um marido se ela não largasse o vício.

Alguns trechos da cantata traduzidos ao português:

Recitativo – Schlendrian

Perversa criança,
garota impertinente!.
Ah! Que eu consiga
o meu objetivo:
Que faças desaparecer o café.

Lieschen
Senhor pai,
não seja tão intransigente!
Se eu não puder beber
Minhas três xícaras diárias de café
Então, para a minha tortura,
Eu ficarei igual a uma cabra assada.

Ária – Lieschen (soprano)

Ah! Como o doce café
tem bom gosto!
Mais saboroso que mil beijos
E mais aromático que vinho moscatel.
Café, café, tenho que tê-lo,
E se alguém quer me conquistar
Coloque aqui um café.

No final da peça, os três personagens descaracterizam-se e unem-se para cantar uma óde ao café ,certamente uma maravilhosa jogada de marketing da época que talvez tenha feito Zimmermann garantir sua freguesia feminina:

10 – Coro (Liechen, Narrador, Schlendrian)
Não se pode proibir ao gato caçar ratos
As senhoritas permanecem
fiéis ao café
A mãe gosta de bebê-lo,
A avó também já o provou, portanto:
Quem pode culpar às filhas?


Abaixo, fica o link para o download da gravação da peça pelo holandês Ton Koopman, com legendas em inglês e comentários do próprio regente. Espero que assistam e gostem, vale muito a pena!

Arthur

domingo, 26 de junho de 2011

Obsolete World, The Artwork of Jeannie Lynn Paske

"There is a world tucked away behind this one. An old world made up of endless fields,distant hills and timeworn cliffs. A place where the sun is always setting. A land in which extinct slow-moving monsters and elegant gentle-faced creatures of all shapes and sizes reside. Delicately balancing their hope with despair. Reminiscent of long departed dreams and uncollected thoughts. Time stands still here, so as to let the residents gaze in solitude upon the vast, richly textured skies. Forever in search of a place to better sit and watch their world pass them by."







Obsolete World
Nathália.

Francisco de Assis


O moço aí em cima, seu Francisco de Assis, pediu, lá do céu, pra avisar à Nathália que é pra ela deixar de ser mal educada e responder as mensagens dos seus amigos no LastFM!

"Fiquem com Deus."

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Arvo Part




O estoniano Arvo Part é um dos mais influentes compositores de música erudita da atualidade. Desenvolvedor de um estilo minimalista único, ele trabalha com estéticas sacras, com o uso de vozes que lembram o cantochão, órgão de tubos, sinos e até grandes formações orquestrais como em suas 4 sinfonias. Nesse post trago um pouco da música desse gênio, que atualmente é um dos meus compositores favoritos.

''Magnificat'' para Coral

''Cantus in Memory of Benjamin Britten'' é uma peça que ele escreveu em luto à morte do compositor Benjamin Britten em 1976.

Trecho da Sinfonia n. 1 composta em 1963


Arthur

A experiência

Tenho uma proposta a te oferecer.
Qual?
Tu gostarias de te sentir de uma forma completamente diferente, como se só o momento fosse importante?
Não sei... Isso entraria no laudo?
Não. É mais uma experiência que eu estava para te propor desde a última vez que conversamos sobre "realidade".
Entendo. Mas você não vai me hipotizar, né?
Fica tranquilo. Sabe aqueles CD's que usam para relaxamento?
Sim, minha mãe costumava ouvir isso.
Bem, isso é sugestionar. Vai ser tudo o que vou fazer, uma mera sugestão de um estado, consciente.
Se trata do quê, exatamente?
De religião. De deus.

Você só vai ouvir o som da minha voz e responder quando eu pedir, ok? 
Tá bem. 
Feche os olhos. Comece concentrando-se na sua respiração. Toda a sua inspiração. Toda a expiração. Não deixe a mente divagar. Isto é um exercício da atenção. A única coisa que deve estar na sua mente é o fluxo de ar que entra e sai, junto com cada sensação que isto produz. Perceba a maneira com a qual seus pulmões se enchem de ar. Como eles ficam quando você exala esse ar. Se sente mais relaxado? 
Bem mais. É como se meu corpo estivesse pesado e super-leve ao mesmo tempo. 
Certo. Agora volte sua atenção somente para minhas palavras. Quero que você tenha em mente aquilo que chama de deus. Consegue fazer isso? 
Acho que sim. Creio que posso personalizá-lo sob uma figura, não? 
Sim. Da maneira que você o imagina. Suponho que você acredite que deus é o criador, o responsável por aquilo que existe em nossas vidas e por nossas próprias vidas, estou correto? 
Sim, é como já tinha dito na nossa última sessão, não vejo nenhuma ordem e sentido no universo sem um Deus. 
Bem, mentalize isso. Acho que pode imaginar deus controlando tudo, esta imagem como algo onipotente e onisciente nos mundos. Agora vem a parte complicada. Quero que, apenas imagine, que se permita, considerar o mundo sem deus. Que não exista nenhum tipo de força que crie ou criou o universo. Quero que tente aceitar que tudo foi obra do acaso. 
Não sei se posso fazer isso... Sinceramente. 
A experiência da qual eu te falei só vai ser bem sucedida caso você consiga mentalizar o que estou propondo. Eu sei que você consegue. 
Bem, talvez... 
Comecemos do alto. Imaginando um ponto. À volta desse ponto, tudo branco. Um ponto negro, bem no centro. Agora imagine esse ponto explodindo. Implodindo primeiramente em branco, enquanto o resto se torna preto. Rapidamente esse ponto branco cresce, cresce, cresce e cresce, quase que você só enxerga um branco tão vivo que te cega por uns momentos. E então, quando você consegue olhar mais uma vez, vê um oceano negro cheio de pontos luminosos. Vamos agora até a via-láctea, consegue imaginá-la? 
Sim, como numa fotografia. 
Certo, como numa fotografia. Agora cheguemos mais perto. Vemos um astro, gigante e luminoso, de uma cor amarelo-alaranjado. Vê alguém? 
Não... Apenas "vejo" silêncio. 
Ótimo. Imagine que, como você sabe, entram na rota desse gigante algumas esferas, algumas pequenas e outras maiores. Perceba que, com este movimento, elas vão se aproximar cada vez mais da nossa esfera luminosa? 
Sim, é o Sol atraindo os planetas com seu campo gravitacional... 
Ok. Agora avance no tempo.  Você está enxergando algo parecido com a atual configuração dos planetas e suas respectivas órbitas. Vamos agora nos focar na terceira esfera, quase incandescente de tão quente: a Terra primordial. Pode vê-la? Passamos o tempo. Vemos as primeiras bactérias, vemos seres pluricelulares, vemos tudo tão e tão rápido que nossos olhos mal podem acompanhar. Agora paremos nesses primatas. Bem conhecidos, sim. Eles tem uma característica peculiar: andam eretos. Vemos um deles andando mais rápido, ao passo que seu corpo vai se adaptando para correr e capturar melhor suas presas. Seus olhos estão bem treinados, e agora eles se equipam com lanças e já dominam o fogo ao seu bel-prazer. Uma curiosidade: nas parades das cavernas, onde estes homens dormem, você vê algo? 
Sim, vejo algumas pinturas, uns animais, alguma coisa com o Sol e a Lua também.
Estes 'desenhos' são os percursores de algo que vai surgir daqui a um tempo. Passemos o tempo. Vemos civilizações, a sedentarização do homem, vemos morte, vemos lutas, e vemos deuses. Indo à Grécia antiga, onde estes já estavam avançados para o seu tempo, sabendo muito sobre si mesmos e o quanto ainda sabem que não sabem, vão deixando seus deuses de lado. Começam a desfrutar de si mesmos, e põem toda sua atenção no homem. Mais a frente. Vemos Roma, Mais a frente. Aqui. Este é o cúmulo do poder divino, onde "deus" domina aos homens. Onde há o máximo de restrições à suas faculdades, à sua liberdade. Enquanto seguimos, vemos o Renascimento, o Iluminismo, o homem se redescobrindo. "Ser ou não ser". Deus vai se tornando menos importante. Saltando para hoje, aos países mais ricos. percebe-se que deus quase se tornou desnecessário. Você lembra do que eu disse lá no início? 
Sim, "imagine tudo, sem um criador", algo assim. 
Percebe que, ao passo que o homem vai avançando no auto-conhecimento, ele vai deixando de lado uma figura? Figura essa que ele mesmo criou, já que no nosso hipotético universo não há criadores. Somos deuses de nós mesmos. Agora, ligue o botão que faz com que deus exista. Veja, ele existe. 
Bem... As coisas parecem fazer mais sentido agora. Como se tivessem, no fim, um propósito.
E qual é esse propósito? 
Não sei... 
Você concorda que, é você quem mudou ou transformou deus em algo 'concreto'!? Percebe que, foi você que 'desligou' o botão que assumia o valor de sua existência? 
Claro... Pois foi tudo hipotético, não? 
Bem... Quem dirá o que é uma hipótese ou fato? Teoria ou lei? Não é o conhecimento? Mas... Sim. Foi hipotético. 
Me sinto um pouco estranho... Bastante.
Quero que, antes de finalizar esta sessão, que pense nesta frase; do filósofo Frederich Nietzsche: Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar; e esta, de um famoso escritor: É preciso de bilhões de anos para criar um ser humano, e ele precisa só de alguns segundos para morrer. Acha que pode se lembrar?
Sim... Acho que posso.

Bem, então te vejo semana que vem.
A próxima consulta fica pro mesmo horário?
Sim, qualquer coisa dê uma olhada na recepção.
É como se fossemos tudo!
Desculpe?
A história do universo, eu digo, está presente no meu ser... Faz parte dele!
Sim. Você é a prova viva de que, talvez, houvesse sim finalidade para aquele minúsculo ponto...


Gabriel Engelman

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sabia que,

procurar uma lógica naquilo que não tem pode nos deixar mais espertos?


Gabriel Engelman

terça-feira, 14 de junho de 2011

Campanis


Escrevi essa peça para sinos com uma proposta experimental e meditativa. Apesar de não parecer na primeira impressão, ela foi escrita de maneira séria com uma construção rítmica elaborada. Espero que gostem.

obs: a foto foi tirada na Catedral Metropolitana de Porto Alegre.

Arthur

domingo, 12 de junho de 2011

Ao seu precioso dia

 Essa merda de música. Entro na festa, e é como se minha mente implodisse em nada. O único som que escuto é ensurdecedor, um dance psicodélico. Aí vejo trocentas pessoas, cada uma mais absorta em seu mundinho que a outra, o fim de semana precisa gastar, preciso fazer valer a pena, elas pensam. Não é que eu começo a fazer parte também? Meus amigos me puxam e começamos todos a criar uma rodinha, eu com um pé na consciência e outro nesse sonho berrante-fosforecente. Daqui a um tempo, tomamos uns drinques caros pra cacete e tudo fica realmente bom. Agora toca outra música mais cafona, um remix daquela zombie nation e seu tradicional ôÔôÔôô, eu devia ser adolescente quando ouvia isso. Pausa. Aí acordo, do nada, em casa. Faço tudo o que é preciso para começar o dia, no banheiro, depois de mijar e escovar os dentes, tomo um bom banho. Enquanto espero uns minutinhos o xampú fazer efeito, percebo que no rótulo da embalagem diz "sem sal". Alívio. Podia bem que processar eles caso minha pressão intra-craniana aumentasse. Há. Esqueci o que rolou ontem. Realmente, não faço ideia. Tem um hambúrguer na geladeira, e descubro que esse será o almoço. Descubro também, quando viro de costas, uma garota parada na minha frente, o que só piora o fato de ser um sanduba.
 É claro que eu não posso reclamar, mas acordo pensando onde diabos estou! assim que a pessoa na qual estava abraçada levantou. *Paft* Aí vejo tudo. Lembro de ontem, do Diego, da Manu. Até que o quarto do Diego é bonito, eu reparo, tudo meio avermelhado, e uns quadros que parecem mais rabiscos nas paredes. E ele chama isso de arte. Provavelmente é o único que compra essas porcarias. Gosto do cheiro dele no travesseiro. Ponho a roupa, e, quando vejo a hora no relógio da mesinha quero morrer. Saio disparando para a cozinha e vejo os cabelos ondulados se virando com uma cara de susto indisfarçável. Então ele me reconhece expressando alívio. "Claudia", mas vou me explicando e saio correndo, que qualquer coisa ele me ligasse. Na parada de ônibus tem umas mil pessoas, mas felizmente consigo ver um lugar entre os últimos bancos. O chefe vai me matar.
 O iPod tá em modo shuffle. Juro que não gosto de Erik Satie, as duas Gymnopedies são tudo o que posso dizer que é "razoável". Próxima. Agora até não tenho mais medo de levar pra lá e pra cá meu player, considerando que nada vai acontecer e que tenho um skate caso a situação fique muito tensa. Claro, dentro do ônibus eu tô fudido. O que me lembra a prova de funções, não sei quase nada disso, exceto as fórmulas pra encontrar o termo independente, como fazer domínio e imagem, e de resto me sobra uma grande interrogação luminosa. Queria mesmo era continuar a escrever. Sei que meus contos são uma merda, e que quase todos são iguais. Mas, não sei, aqui no ônibus tem tanto "recurso material" pra compor umas histórias que... Já pensou quantas histórias inter-relacionadas? Quanta coisa legal e também quanto lixo as pessoas levam consigo? Uma loirinha sobe, bem bonita, mas com uma cara de que acordou agora e com o que parece roupas de festa. Rabisco rapidamente as feições/roupas dela. Ih, ela me olha com uma cara feia, do tipo "procurando alguma coisa, pirralho?". "Não, não," é o que meu sorriso responde. Já até encontrei.

Gabriel

sábado, 28 de maio de 2011

No banho? Num documentário? Num video game? Num sonho!!

Hoje vou contar sobre um sonho que tive semanas atrás. Teve muita coisa no sonho, e alguns detalhes ficarão de fora por simplesmente não conseguir lembrar. A ordem dos acontecimentos é mais ou menos essa, mas nada que torne o sonho algo que se possa chamar de fora do absurdo.

Estava na área de banho do banheiro, e parece que só aparecia pro pessoal de fora a parte do meu muque pra cima, pois falavam comigo nos olhos como se eu estivesse vestido. Uma amiga minha de 40 e poucos anos e sua mãe perguntaram se eu podia ceder a minha cama pra uma visita. Essa visita – um guri na faixa dos 18-20 anos – entrou no banheiro e disse estar sem graça me tirando da cama e me fazendo dormir no sofá. Mas o tranquilizei dizendo que já dormia na sala já fazia um tempo – o que é verdade mesmo. 

Daí eu apareço noutro lugar - vestido! - com um biólogo mostrando uma espécie de rinoceronte, chamado “pterodontilo”, uma mistura de pterodáctilo com rinoceronte. Era só uma espécie de rinoceronte que nem asas tinha, mas o biólogo a la Discovery Channel jurou que aquele rinoceronte era um parente distante do pterodátilo. (Não sei se confio nele. Nunca o vi antes na minha vida...) Então ele fala que esse pterodontilo é da mesma espécie que o rinoceronte do primeiro Donkey Kong do SuperNES. Aparece uma cena desse rinoceronte no jogo, que logo se torna a cena de eu correndo dele em círculos, em volta de uma casa. Um misto de perseguição animal com pega-pega. Ao mesmo tempo, tinha uns power rangers do SuperNES morfando em luzes piscantes e contínuas, servindo de cenário para a "perseguição".

Depois de tudo isso, minhas memórias da minha sonolência se findam. Meus sonhos andam cada vez mais desconexos, mas acho divertido tudo isso. :P

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Greetings

Me Sinto um Repolho

Esse é um post rápido só pra dizer que eu (Juliane) ainda existo e acompanho esse blog querido. Aqui vai uma música da banda/dupla 2ois. Já tinha comentado sobre ela aqui com a música "Sou Hipocondríaco com Força", mas agora é "Me Sinto um Repolho". Ela me lembra os últimos dias e serve pra hoje também, que é segunda-feira. Espero que vocês ouçam, é bem diferente e divertida.


Um abraço pra vocês!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Matriz empírica

Posso encontrar em mim um poço de sabedoria. Com um trabalho de auto-conhecimento bem dirigido, desvelo em mim mesmo coisas que nem imaginaria serem possíveis de compreender. E elas estão aqui, latentes em mim. Sei que boa parte - se não toda, numa hipótese ateísta - da água da qual eu desfruto provêm de uma fonte externa; é produto daquilo que assimilei e se aloja no meu subconsciente. Entretanto, por um acaso, toda essa água misturada e levada ao copo não foi retirada do meu próprio poço? Puxada pelo meu esforço? Não entra aqui, em jogo o fenômeno psíquico da singularidade? Pois sim, qualquer um - alguns em maior ou menor escala - dispõe da mesmíssima chuva que eu aqui aponto. Isto não significa, claro, que eles vão saber enriquecer esse líquido com os aditivos guardados de outras tempestades, da mesma forma como sucedeu a mim. O que eu quero valorizar aqui é a labuta de trazer à luz as águas de nossas mentes tormentosas. Nem sempre o dono do poço tem sede. Assim como nem sempre consegue o insight necessário para que ascenda o balde. A corda é um misto de criatividade com persistência.
A mão que puxa a corda e o poço do qual ela se abstêm não encontrará equivalência igual em todo o mundo.



Gabriel