Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

domingo, 13 de novembro de 2011

Utopia

Não há tempo para a poesia;
nem nunca houve; não há humor;
não há lirismo no cerne da carne;

e haverá?

que colhe a mão o alimento,
a madeira, o trigo; bate a mão
o cimento e a farinha do pão;
pai e mãe querem o sustento,
e os pequenos choram à mesa
estonteados; e não há beleza;

o choro à mesa tritura um coração;

e vêm os tempos de sol,
e lavra a mão a terra dura,
põe na pata a ferradura;
o peito humano é armadura,
a mão humana é arma dura,
o coração é alma dura;

e a poesia não vive;

onde vive a poesia no corpo faminto?

Um comentário:

Randomicoteca disse...

Muito bonito o poema! Ele até poderia estrear uma nova tag no blog, qual seja "poesia engajada". Nathix