Não há tempo para a poesia;
nem nunca houve; não há humor;
não há lirismo no cerne da carne;
e haverá?
que colhe a mão o alimento,
a madeira, o trigo; bate a mão
o cimento e a farinha do pão;
pai e mãe querem o sustento,
e os pequenos choram à mesa
estonteados; e não há beleza;
o choro à mesa tritura um coração;
e vêm os tempos de sol,
e lavra a mão a terra dura,
põe na pata a ferradura;
o peito humano é armadura,
a mão humana é arma dura,
o coração é alma dura;
e a poesia não vive;
onde vive a poesia no corpo faminto?
Um comentário:
Muito bonito o poema! Ele até poderia estrear uma nova tag no blog, qual seja "poesia engajada". Nathix
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