Não há tempo para a poesia;
nem nunca houve; não há humor;
não há lirismo no cerne da carne;
e haverá?
que colhe a mão o alimento,
a madeira, o trigo; bate a mão
o cimento e a farinha do pão;
pai e mãe querem o sustento,
e os pequenos choram à mesa
estonteados; e não há beleza;
o choro à mesa tritura um coração;
e vêm os tempos de sol,
e lavra a mão a terra dura,
põe na pata a ferradura;
o peito humano é armadura,
a mão humana é arma dura,
o coração é alma dura;
e a poesia não vive;
onde vive a poesia no corpo faminto?
Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi
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domingo, 13 de novembro de 2011
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Soneto do Homem Fêmea
Era um homem que gostava de rosas
vermelhas, rosas em lépidas formas
em buquê, rosas em laço de entranhas
em nó, rosas de amores, de roseiras.
Era um homem que escrevia sonetos
à amada, cantarolava os librettos
barrocos de operetas, e em rubatos
de lira, jogava aos prantos o peito.
Era um homem fiel, e que não fosse,
era homem amado, homem amante
da vida, das cores, de um jeito doce.
Era um homem fêmea; morreu em frente
ao próprio amor, de paixão decadente;
em sangue, num golpe, adeus de repente.
vermelhas, rosas em lépidas formas
em buquê, rosas em laço de entranhas
em nó, rosas de amores, de roseiras.
Era um homem que escrevia sonetos
à amada, cantarolava os librettos
barrocos de operetas, e em rubatos
de lira, jogava aos prantos o peito.
Era um homem fiel, e que não fosse,
era homem amado, homem amante
da vida, das cores, de um jeito doce.
Era um homem fêmea; morreu em frente
ao próprio amor, de paixão decadente;
em sangue, num golpe, adeus de repente.
sábado, 29 de outubro de 2011
O Boi
este é um dos meus poemas preferidos de Drummond; espero que apreciem.
ó solidão do homen na rua!
Entre carros, trens, telefones,
Entre gritos, o ermo profundo.
Ó solidão do boi no campo,
Ó milhões sofrendo sem praga!
Se há noite ou sol, é indiferente,
A escuridão rompe com o dia.
Ó solidão do boi no campo,
Homens torcendo-se calados!
A cidade é inexplicável
E as casas não têm sentido algum.
Ó solidão do boi no campo!
O navio-fantasma passa
Em silêncio na rua cheia.
Se uma tempestade de amor caísse!
As mãos unidas, a vida salva...
Mas o tempo é firme. O boi é só.
No campo imenso a torre de petróleo.
abrs.
Arthur
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Nascido
Etéreo, nascido, um corpo soprado
à imensidão da via celestial.
Os teus braços eram levinhos,
não alcançavam a rosa; quisessem.
E a rosa era quieta, desejosa.
Toca-me, era como se dissesse.
Tu, porém, eras ingênuo, incompreendia;
a mãe ergueu-te; eram braços vigorosos.
Ofuscava uma luz, um toque
sobre a pele, pálida, em sangue;
o cheiro esquisito, do pai, da mãe.
O teu contorno era um milagre.
Tu eras bravo, foi por um tempo;
que a febre de sentir caiu-te mais tarde.
E dali, passaste a sonhar, a querer;
viu-te alimentar, andar, correr.
As coisas da vida; passou a ter
um pouquinho de fé para o dia-a-dia.
(Arthur Wilkens)
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Estátua
Dorme, sobre um véu,
tua estranha poesia;
é duma tara dourada
cheia de flores;
pele de verniz,
é um corpo
e um rosto;
uma alma;
é uma estátua;
és estátua;
é uma pena.
Arthur
domingo, 28 de agosto de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
(des)futuro
não sei quem és,
mas tenho um vício:
adoro a minha torpe paixão, secreta.
e em verdade às vezes me castigo.
não sei porque tu me desviou.
perco meu tempo, não precisa admitir.
desconfio da calmaria, ela me é estranha.
suspeito qualquer desistência.
tu me confortas.
quando eu vejo a tua beleza
me vem em mente todos os clichês sentimentais de um ser humano.
(e não sei o que escrevo,
e rio desse monólogo torto, de verso esquisito)
tu és a minha dádiva.
tu és infinita.
e nunca vai deixar de ser.
tu és inatingível porque não te quero!
(engole este poema, porque ele é teu)
terça-feira, 3 de maio de 2011
Outono Da Alma
As dores cessam,
Esvaem-se dos amores.
Os versos perdem a cor,
A poesia é agrura.
Mas tudo se eleva.
Leva um tempo,
Mas o tempo, tudo leva,
Ainda que leve tempo.
O que se foi, é agora memória.
E tudo o que resta
É a beleza.
Porque só o que resta dessa vida
É beleza.
Arthur Wilkens
terça-feira, 26 de abril de 2011
Palavras "afáveis" do anfitrião incomodado
Sinta-se em casa, mas não sente no sofá.
Seja feliz, mas não ria tão alto.
Dance bastante, mas não mexa o corpo.
Fale comigo, mas não quero te ouvir.
Coma à vontade, mas não encha o prato.
Use o banheiro, mas não use o papel.
Fique comigo, mas longe de mim.
Seja você escondido em ninguém.
quinta-feira, 21 de abril de 2011
Impressionismo
Na minha janela tem um quadro sem nome,
Pintado de chão e de céu, de árvore e rua.
E uma moça que nele passa,
Por ventura, me dói.
Ela é sem nome, sem graça,
E por alguma, eu amo.
Arthur Wilkens
terça-feira, 5 de abril de 2011
À ti, a verdade
Começo refletindo sobre o tempo
Pergunto-te: O que tu fostes ontem?
Não eras uma criança? Uma jovem esbelta?
E hoje, quando a decrepitude rói tuas entranhas,
Sonhas com o passado sem ganas do agora...
Somos míseros nada. Sim, não somos!
Pense na idade das estrelas, das galáxias
Das constelações e do Universo!
Quiçá dos outros universos que existem
E tu ainda anseias o próximo capítulo da novela?
Pense na idade das estrelas, das galáxias
Das constelações e do Universo!
Quiçá dos outros universos que existem
E tu ainda anseias o próximo capítulo da novela?
Não vês que vive um sonho dentro d'outro?
As distrações circundantes e tua própria vida
Te engolfam num sono profundo e amargo
Pois algo sempre menciona a possível verdade
E disso, menina, ninguém gosta...
As distrações circundantes e tua própria vida
Te engolfam num sono profundo e amargo
Pois algo sempre menciona a possível verdade
E disso, menina, ninguém gosta...
Tudo é tão perene e efêmero: as idéias, os amores
As recordações, a juventude; E disso tudo, pergunto:
O que fica? Por acaso levaste algum ideal para a cova?
Por acaso estás enfeitada com tua preciosa toga
Agora que os vermes te limpam e deixam só os ossos?
As recordações, a juventude; E disso tudo, pergunto:
O que fica? Por acaso levaste algum ideal para a cova?
Por acaso estás enfeitada com tua preciosa toga
Agora que os vermes te limpam e deixam só os ossos?
Mas não tema, minha doce querida
Além da vida há mistérios invisíveis aos profanos
O não-ser é a próxima etapa de uma não-vida
Portanto, prepare-se, humanas cinzas,
Para dissolver-te na mais radiante estrela
E viver a assombrosa realidade.
Além da vida há mistérios invisíveis aos profanos
O não-ser é a próxima etapa de uma não-vida
Portanto, prepare-se, humanas cinzas,
Para dissolver-te na mais radiante estrela
E viver a assombrosa realidade.
Gabriel
sexta-feira, 25 de março de 2011
B. Paralítico
O que a vida nos chocou
A Globo banalizou
Olhem para as novelas e seus "valores"
Pensem num Brasil sem-pensadores
Vejam o Big Brother
Observem a própria televisão
Não se lembram de 1984
E do temido Grande Irmão?
Sim meus caros, ele está aí
Acabando com a cultura
E promovendo o entretenimento barato
Controlando nossas mentes como controla-se ratos
A educação, eu pergunto!
Desliguem seus Facebooks um minuto
Saiam deste estado Torpe
E movemo-nos para uma Nova Ordem
Conspirar, meus caros. Não,
Lutar! Exigir o fim desse monopólio de cérebros
Findar esta produção em série de autômatos
É a nossa missão
Lutar por um Brasil pensante, "companheiro"
Não esqueçam que somos todos irmãos, brasileiros!
Nem que demos a vida por uma causa nobre,
Queremos o fim da ditadura de mentes pobres.
Gabriel
quinta-feira, 17 de março de 2011
Duas estrofes à menina levada
Era uma vez uma mala pequena,
Uma mala que media um metro e quarenta.
Como era difícil carregar essa mala!
E o pior é que ela falava.
A mala era ruim - ruim de levar,
Mas eu não podia a mala jogar.
Mesmo com tudo a ela eu amava.
Ela era apenas uma menina levada.
Charlie Dalton
Uma mala que media um metro e quarenta.
Como era difícil carregar essa mala!
E o pior é que ela falava.
A mala era ruim - ruim de levar,
Mas eu não podia a mala jogar.
Mesmo com tudo a ela eu amava.
Ela era apenas uma menina levada.
Charlie Dalton
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Eu e Tonantzin
Na imensidão da noite, Sozinho eu contemplo Em meio a árvores e grilos O vazio mágico da existência. Meu Ser é dois: É o grandioso Pai e tu ó Musa, De resto nada importa, De resto, é o pó que enfim sobra. Eu consigo sentir a vida entrar Existir em cada átimo de minha breviedade Fluindo de mim para o entorno Ela é o sagrado sopro Divino. Ó Isis! Tenha dó de teu filho Hórus! Não o abandone em meio a tanto caos Tanta perversidade que vem de dentro Que conspira por controle Dai-me as asas sagradas de Ícaro Que seja por uns instantes Para abarcar o eterno nada E nele se dissolver após a morte Agora! Desejo que me perfures! Da lança elétrica dispões Para junto com as flechas do Amor Realizar a suprema consagração: Morrer Morrer Nascer.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Capriccio, em teu nome.
Acaso tu estejas mesmo por aí, sei que me lês
E assim, sei que me vês e sei que me entendes.
Perante à madrugada, me contenho
E a ti, transcrevo estes versos de minha sóbria moral
Peregrinando por poucas memórias e vagos desejos
Me ilumino, e capricho, em teu nome.
Se te julgas por pisar sobre falsa realidade,
pergunta por onde andas a ti mesmo
Pois a calma vem a hora errada, tão zonza,
e quando cai te desarma feito praga!
Vivente, não te enganes, pois sei donde vens!
Volta ao elo das almas corajosas e de boa vontade.
Deita sobre o berço do teu anjo-amigo,
para que este o tenha em seu relicário sagrado.
E por fim, presta atenção nestas palavras, porque nelas te entrego um aviso:
Rejubila!
Sei que em braços fraternos, encontrarás juízo.
Arthur Wilkens
postagem original: http://portapoesia.blogspot.com/2010/11/capriccio-em-teu-nome.html
E assim, sei que me vês e sei que me entendes.
Perante à madrugada, me contenho
E a ti, transcrevo estes versos de minha sóbria moral
Peregrinando por poucas memórias e vagos desejos
Me ilumino, e capricho, em teu nome.
Se te julgas por pisar sobre falsa realidade,
pergunta por onde andas a ti mesmo
Pois a calma vem a hora errada, tão zonza,
e quando cai te desarma feito praga!
Vivente, não te enganes, pois sei donde vens!
Volta ao elo das almas corajosas e de boa vontade.
Deita sobre o berço do teu anjo-amigo,
para que este o tenha em seu relicário sagrado.
E por fim, presta atenção nestas palavras, porque nelas te entrego um aviso:
Rejubila!
Sei que em braços fraternos, encontrarás juízo.
Arthur Wilkens
postagem original: http://portapoesia.blogspot.com/2010/11/capriccio-em-teu-nome.html
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Pra que serve? (Pessimismo na prática)
Amor existe pra gente chorar
Dinheiro pra gente desperdiçar
Comida pra engordar
Bebida, vomitar
Tempo, voar
Bicicleta, cair
Afinal, a vida existe pra gente morrer.
Arthur Wilkens
Dinheiro pra gente desperdiçar
Comida pra engordar
Bebida, vomitar
Tempo, voar
Bicicleta, cair
Afinal, a vida existe pra gente morrer.
Arthur Wilkens
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Liquid thoughts
Chuva, chove imponente Lavando nossas dores Enquanto umidece nossos olhos Com a mais fresca gota Chuva, muitas vezes ácida Segue com seu temperamento forte Pois pode virar tempestade Com a mais simples mudança de humor Vou me afogando em ti, chuva Ao passo que as palavras transbordam Sentimentos úmidos e escuros Vindos do meu fundo do posso Suas últimas gotas de raiva Desprendem-se com força nos corpos Que agora boiam à deriva de sua própria obra Chova chuva, chova até cansar. -g
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Rascunho #1
E aqui estou eu. Sentado sob uma cadeira que grita, Gritando tão alto como uma pobre velha Que ao sentir o odor mortal do destino Se vê engasgada em seus próprios lamúrios. O que a vida é? Durante toda nossa existência Nunca nos sentimos satisfeitos Seja uma vez apenas Em nos contentar com uma resposta, Sempre buscamos e creemos encontrá-la Em todos diferentes momentos que "somos". Talvez a vida não seja uma pequena prosa, Feliz, com seu início, meio e fim delimitados Seja ela beirando à um byronismo insuportável Ou ainda sonsa e mesquinha, querendo fugir dos fatos Tanto para sentir, Tanto para ver, Ainda sim, Tão pouco tempo, Ó Deus? Quiçás toda vida fosse Como uma pequena borboleta, Pequena, entusiasmada e divertida Sem preocupação onde termina, Mas sempre aproveitando cada instante And living with no regret. gabri=el
segunda-feira, 7 de junho de 2010
|-\-/-|
Amor doentio. Pregado às pressas, Como uma peça comedida Fixante, morna, não frígida. Me deixe sentir o cheiro Do teu mais doce beijo, Da sua boca que agora me encanta Me deliciando com seu sorriso. Provar do seu amor seria como Uma tarde ensolarada no inverno Com o calor aquecendo todo corpo Fazendo estremecer de tal gozo Com a estrela riscando o céu Rápido, farei um desejo Altroz, fugaz, mas não secreto Nunca me cure Ó Senhor, Desse estranho tormento. gabrie-l
sexta-feira, 23 de abril de 2010
A P A T I A
Uma vida é pouco para o que o mundo guarda; Tantas descobertas no dia-a-dia mas que vão, aos poucos, perdendo o encanto Aos poucos, pensamentos vamos deixando Até que seja difícil ver por aí Alguém com qualquer brilho que seja Ainda que nem a todos eles escutam Pensando que um dia *Quem sabe?* volte sua culpa. Sábios que já não são escutados Ignorados, eles são Alguns ainda sentem certa fascinação E aos poucos, pouco a pouco, tudo caí no esquecido (CAIXA PRETA, CAIXA PRETA) Ademais, quem era aquele garoto da bola cinza-suja? Dos cabelos encaracolados e escorridos sob a testa, De poucos miolos mas sempre alegre e sorridente? Ah, era eu! Ah, era eu! Que vivia supreendendo-se com as coisas do mundo Onde numa pequena caixa de areia fazia-se rei, e rei deveras era! Ah, era eu! Ah, era eu! Aos poucos,Então reflito: -Ah, fui eu. G
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