Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bach e a Kaffee-kantate


Durante o século XVIII, o consumo de café pelas jovens alemãs era motivo de censura diante da crença popular de que o seu consumo diário poderia causar esterilidade e histeria, além de que era um produto caro por causa das taxas alfandegárias. Foi nesse contexto que Zimmermann, dono de uma cafeteria em Leipzig frequentada por muitos músicos, encomendou a Bach uma peça que fizesse apologia ao consumo do café.

Diferentes de todas as outras cantatas, solenes e de caráter religioso, a BWV 211, ou Kaffeekantate, "Cantata do Café", é uma pequena opereta cômica com texto de Christian Friedrich Henrici que retrata a discussão entre Schlendrian e sua filha Liechen, uma jovem solteira apaixonada por café, que deseja garantir seu direito de tomar suas três xícaras de café diárias. O seu pai a reprime e diz que jamais arranjaria-lhe um marido se ela não largasse o vício.

Alguns trechos da cantata traduzidos ao português:

Recitativo – Schlendrian

Perversa criança,
garota impertinente!.
Ah! Que eu consiga
o meu objetivo:
Que faças desaparecer o café.

Lieschen
Senhor pai,
não seja tão intransigente!
Se eu não puder beber
Minhas três xícaras diárias de café
Então, para a minha tortura,
Eu ficarei igual a uma cabra assada.

Ária – Lieschen (soprano)

Ah! Como o doce café
tem bom gosto!
Mais saboroso que mil beijos
E mais aromático que vinho moscatel.
Café, café, tenho que tê-lo,
E se alguém quer me conquistar
Coloque aqui um café.

No final da peça, os três personagens descaracterizam-se e unem-se para cantar uma óde ao café ,certamente uma maravilhosa jogada de marketing da época que talvez tenha feito Zimmermann garantir sua freguesia feminina:

10 – Coro (Liechen, Narrador, Schlendrian)
Não se pode proibir ao gato caçar ratos
As senhoritas permanecem
fiéis ao café
A mãe gosta de bebê-lo,
A avó também já o provou, portanto:
Quem pode culpar às filhas?


Abaixo, fica o link para o download da gravação da peça pelo holandês Ton Koopman, com legendas em inglês e comentários do próprio regente. Espero que assistam e gostem, vale muito a pena!

Arthur

domingo, 26 de junho de 2011

Obsolete World, The Artwork of Jeannie Lynn Paske

"There is a world tucked away behind this one. An old world made up of endless fields,distant hills and timeworn cliffs. A place where the sun is always setting. A land in which extinct slow-moving monsters and elegant gentle-faced creatures of all shapes and sizes reside. Delicately balancing their hope with despair. Reminiscent of long departed dreams and uncollected thoughts. Time stands still here, so as to let the residents gaze in solitude upon the vast, richly textured skies. Forever in search of a place to better sit and watch their world pass them by."







Obsolete World
Nathália.

Francisco de Assis


O moço aí em cima, seu Francisco de Assis, pediu, lá do céu, pra avisar à Nathália que é pra ela deixar de ser mal educada e responder as mensagens dos seus amigos no LastFM!

"Fiquem com Deus."

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Arvo Part




O estoniano Arvo Part é um dos mais influentes compositores de música erudita da atualidade. Desenvolvedor de um estilo minimalista único, ele trabalha com estéticas sacras, com o uso de vozes que lembram o cantochão, órgão de tubos, sinos e até grandes formações orquestrais como em suas 4 sinfonias. Nesse post trago um pouco da música desse gênio, que atualmente é um dos meus compositores favoritos.

''Magnificat'' para Coral

''Cantus in Memory of Benjamin Britten'' é uma peça que ele escreveu em luto à morte do compositor Benjamin Britten em 1976.

Trecho da Sinfonia n. 1 composta em 1963


Arthur

A experiência

Tenho uma proposta a te oferecer.
Qual?
Tu gostarias de te sentir de uma forma completamente diferente, como se só o momento fosse importante?
Não sei... Isso entraria no laudo?
Não. É mais uma experiência que eu estava para te propor desde a última vez que conversamos sobre "realidade".
Entendo. Mas você não vai me hipotizar, né?
Fica tranquilo. Sabe aqueles CD's que usam para relaxamento?
Sim, minha mãe costumava ouvir isso.
Bem, isso é sugestionar. Vai ser tudo o que vou fazer, uma mera sugestão de um estado, consciente.
Se trata do quê, exatamente?
De religião. De deus.

Você só vai ouvir o som da minha voz e responder quando eu pedir, ok? 
Tá bem. 
Feche os olhos. Comece concentrando-se na sua respiração. Toda a sua inspiração. Toda a expiração. Não deixe a mente divagar. Isto é um exercício da atenção. A única coisa que deve estar na sua mente é o fluxo de ar que entra e sai, junto com cada sensação que isto produz. Perceba a maneira com a qual seus pulmões se enchem de ar. Como eles ficam quando você exala esse ar. Se sente mais relaxado? 
Bem mais. É como se meu corpo estivesse pesado e super-leve ao mesmo tempo. 
Certo. Agora volte sua atenção somente para minhas palavras. Quero que você tenha em mente aquilo que chama de deus. Consegue fazer isso? 
Acho que sim. Creio que posso personalizá-lo sob uma figura, não? 
Sim. Da maneira que você o imagina. Suponho que você acredite que deus é o criador, o responsável por aquilo que existe em nossas vidas e por nossas próprias vidas, estou correto? 
Sim, é como já tinha dito na nossa última sessão, não vejo nenhuma ordem e sentido no universo sem um Deus. 
Bem, mentalize isso. Acho que pode imaginar deus controlando tudo, esta imagem como algo onipotente e onisciente nos mundos. Agora vem a parte complicada. Quero que, apenas imagine, que se permita, considerar o mundo sem deus. Que não exista nenhum tipo de força que crie ou criou o universo. Quero que tente aceitar que tudo foi obra do acaso. 
Não sei se posso fazer isso... Sinceramente. 
A experiência da qual eu te falei só vai ser bem sucedida caso você consiga mentalizar o que estou propondo. Eu sei que você consegue. 
Bem, talvez... 
Comecemos do alto. Imaginando um ponto. À volta desse ponto, tudo branco. Um ponto negro, bem no centro. Agora imagine esse ponto explodindo. Implodindo primeiramente em branco, enquanto o resto se torna preto. Rapidamente esse ponto branco cresce, cresce, cresce e cresce, quase que você só enxerga um branco tão vivo que te cega por uns momentos. E então, quando você consegue olhar mais uma vez, vê um oceano negro cheio de pontos luminosos. Vamos agora até a via-láctea, consegue imaginá-la? 
Sim, como numa fotografia. 
Certo, como numa fotografia. Agora cheguemos mais perto. Vemos um astro, gigante e luminoso, de uma cor amarelo-alaranjado. Vê alguém? 
Não... Apenas "vejo" silêncio. 
Ótimo. Imagine que, como você sabe, entram na rota desse gigante algumas esferas, algumas pequenas e outras maiores. Perceba que, com este movimento, elas vão se aproximar cada vez mais da nossa esfera luminosa? 
Sim, é o Sol atraindo os planetas com seu campo gravitacional... 
Ok. Agora avance no tempo.  Você está enxergando algo parecido com a atual configuração dos planetas e suas respectivas órbitas. Vamos agora nos focar na terceira esfera, quase incandescente de tão quente: a Terra primordial. Pode vê-la? Passamos o tempo. Vemos as primeiras bactérias, vemos seres pluricelulares, vemos tudo tão e tão rápido que nossos olhos mal podem acompanhar. Agora paremos nesses primatas. Bem conhecidos, sim. Eles tem uma característica peculiar: andam eretos. Vemos um deles andando mais rápido, ao passo que seu corpo vai se adaptando para correr e capturar melhor suas presas. Seus olhos estão bem treinados, e agora eles se equipam com lanças e já dominam o fogo ao seu bel-prazer. Uma curiosidade: nas parades das cavernas, onde estes homens dormem, você vê algo? 
Sim, vejo algumas pinturas, uns animais, alguma coisa com o Sol e a Lua também.
Estes 'desenhos' são os percursores de algo que vai surgir daqui a um tempo. Passemos o tempo. Vemos civilizações, a sedentarização do homem, vemos morte, vemos lutas, e vemos deuses. Indo à Grécia antiga, onde estes já estavam avançados para o seu tempo, sabendo muito sobre si mesmos e o quanto ainda sabem que não sabem, vão deixando seus deuses de lado. Começam a desfrutar de si mesmos, e põem toda sua atenção no homem. Mais a frente. Vemos Roma, Mais a frente. Aqui. Este é o cúmulo do poder divino, onde "deus" domina aos homens. Onde há o máximo de restrições à suas faculdades, à sua liberdade. Enquanto seguimos, vemos o Renascimento, o Iluminismo, o homem se redescobrindo. "Ser ou não ser". Deus vai se tornando menos importante. Saltando para hoje, aos países mais ricos. percebe-se que deus quase se tornou desnecessário. Você lembra do que eu disse lá no início? 
Sim, "imagine tudo, sem um criador", algo assim. 
Percebe que, ao passo que o homem vai avançando no auto-conhecimento, ele vai deixando de lado uma figura? Figura essa que ele mesmo criou, já que no nosso hipotético universo não há criadores. Somos deuses de nós mesmos. Agora, ligue o botão que faz com que deus exista. Veja, ele existe. 
Bem... As coisas parecem fazer mais sentido agora. Como se tivessem, no fim, um propósito.
E qual é esse propósito? 
Não sei... 
Você concorda que, é você quem mudou ou transformou deus em algo 'concreto'!? Percebe que, foi você que 'desligou' o botão que assumia o valor de sua existência? 
Claro... Pois foi tudo hipotético, não? 
Bem... Quem dirá o que é uma hipótese ou fato? Teoria ou lei? Não é o conhecimento? Mas... Sim. Foi hipotético. 
Me sinto um pouco estranho... Bastante.
Quero que, antes de finalizar esta sessão, que pense nesta frase; do filósofo Frederich Nietzsche: Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar; e esta, de um famoso escritor: É preciso de bilhões de anos para criar um ser humano, e ele precisa só de alguns segundos para morrer. Acha que pode se lembrar?
Sim... Acho que posso.

Bem, então te vejo semana que vem.
A próxima consulta fica pro mesmo horário?
Sim, qualquer coisa dê uma olhada na recepção.
É como se fossemos tudo!
Desculpe?
A história do universo, eu digo, está presente no meu ser... Faz parte dele!
Sim. Você é a prova viva de que, talvez, houvesse sim finalidade para aquele minúsculo ponto...


Gabriel Engelman

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sabia que,

procurar uma lógica naquilo que não tem pode nos deixar mais espertos?


Gabriel Engelman

terça-feira, 14 de junho de 2011

Campanis


Escrevi essa peça para sinos com uma proposta experimental e meditativa. Apesar de não parecer na primeira impressão, ela foi escrita de maneira séria com uma construção rítmica elaborada. Espero que gostem.

obs: a foto foi tirada na Catedral Metropolitana de Porto Alegre.

Arthur

domingo, 12 de junho de 2011

Ao seu precioso dia

 Essa merda de música. Entro na festa, e é como se minha mente implodisse em nada. O único som que escuto é ensurdecedor, um dance psicodélico. Aí vejo trocentas pessoas, cada uma mais absorta em seu mundinho que a outra, o fim de semana precisa gastar, preciso fazer valer a pena, elas pensam. Não é que eu começo a fazer parte também? Meus amigos me puxam e começamos todos a criar uma rodinha, eu com um pé na consciência e outro nesse sonho berrante-fosforecente. Daqui a um tempo, tomamos uns drinques caros pra cacete e tudo fica realmente bom. Agora toca outra música mais cafona, um remix daquela zombie nation e seu tradicional ôÔôÔôô, eu devia ser adolescente quando ouvia isso. Pausa. Aí acordo, do nada, em casa. Faço tudo o que é preciso para começar o dia, no banheiro, depois de mijar e escovar os dentes, tomo um bom banho. Enquanto espero uns minutinhos o xampú fazer efeito, percebo que no rótulo da embalagem diz "sem sal". Alívio. Podia bem que processar eles caso minha pressão intra-craniana aumentasse. Há. Esqueci o que rolou ontem. Realmente, não faço ideia. Tem um hambúrguer na geladeira, e descubro que esse será o almoço. Descubro também, quando viro de costas, uma garota parada na minha frente, o que só piora o fato de ser um sanduba.
 É claro que eu não posso reclamar, mas acordo pensando onde diabos estou! assim que a pessoa na qual estava abraçada levantou. *Paft* Aí vejo tudo. Lembro de ontem, do Diego, da Manu. Até que o quarto do Diego é bonito, eu reparo, tudo meio avermelhado, e uns quadros que parecem mais rabiscos nas paredes. E ele chama isso de arte. Provavelmente é o único que compra essas porcarias. Gosto do cheiro dele no travesseiro. Ponho a roupa, e, quando vejo a hora no relógio da mesinha quero morrer. Saio disparando para a cozinha e vejo os cabelos ondulados se virando com uma cara de susto indisfarçável. Então ele me reconhece expressando alívio. "Claudia", mas vou me explicando e saio correndo, que qualquer coisa ele me ligasse. Na parada de ônibus tem umas mil pessoas, mas felizmente consigo ver um lugar entre os últimos bancos. O chefe vai me matar.
 O iPod tá em modo shuffle. Juro que não gosto de Erik Satie, as duas Gymnopedies são tudo o que posso dizer que é "razoável". Próxima. Agora até não tenho mais medo de levar pra lá e pra cá meu player, considerando que nada vai acontecer e que tenho um skate caso a situação fique muito tensa. Claro, dentro do ônibus eu tô fudido. O que me lembra a prova de funções, não sei quase nada disso, exceto as fórmulas pra encontrar o termo independente, como fazer domínio e imagem, e de resto me sobra uma grande interrogação luminosa. Queria mesmo era continuar a escrever. Sei que meus contos são uma merda, e que quase todos são iguais. Mas, não sei, aqui no ônibus tem tanto "recurso material" pra compor umas histórias que... Já pensou quantas histórias inter-relacionadas? Quanta coisa legal e também quanto lixo as pessoas levam consigo? Uma loirinha sobe, bem bonita, mas com uma cara de que acordou agora e com o que parece roupas de festa. Rabisco rapidamente as feições/roupas dela. Ih, ela me olha com uma cara feia, do tipo "procurando alguma coisa, pirralho?". "Não, não," é o que meu sorriso responde. Já até encontrei.

Gabriel