Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A experiência

Tenho uma proposta a te oferecer.
Qual?
Tu gostarias de te sentir de uma forma completamente diferente, como se só o momento fosse importante?
Não sei... Isso entraria no laudo?
Não. É mais uma experiência que eu estava para te propor desde a última vez que conversamos sobre "realidade".
Entendo. Mas você não vai me hipotizar, né?
Fica tranquilo. Sabe aqueles CD's que usam para relaxamento?
Sim, minha mãe costumava ouvir isso.
Bem, isso é sugestionar. Vai ser tudo o que vou fazer, uma mera sugestão de um estado, consciente.
Se trata do quê, exatamente?
De religião. De deus.

Você só vai ouvir o som da minha voz e responder quando eu pedir, ok? 
Tá bem. 
Feche os olhos. Comece concentrando-se na sua respiração. Toda a sua inspiração. Toda a expiração. Não deixe a mente divagar. Isto é um exercício da atenção. A única coisa que deve estar na sua mente é o fluxo de ar que entra e sai, junto com cada sensação que isto produz. Perceba a maneira com a qual seus pulmões se enchem de ar. Como eles ficam quando você exala esse ar. Se sente mais relaxado? 
Bem mais. É como se meu corpo estivesse pesado e super-leve ao mesmo tempo. 
Certo. Agora volte sua atenção somente para minhas palavras. Quero que você tenha em mente aquilo que chama de deus. Consegue fazer isso? 
Acho que sim. Creio que posso personalizá-lo sob uma figura, não? 
Sim. Da maneira que você o imagina. Suponho que você acredite que deus é o criador, o responsável por aquilo que existe em nossas vidas e por nossas próprias vidas, estou correto? 
Sim, é como já tinha dito na nossa última sessão, não vejo nenhuma ordem e sentido no universo sem um Deus. 
Bem, mentalize isso. Acho que pode imaginar deus controlando tudo, esta imagem como algo onipotente e onisciente nos mundos. Agora vem a parte complicada. Quero que, apenas imagine, que se permita, considerar o mundo sem deus. Que não exista nenhum tipo de força que crie ou criou o universo. Quero que tente aceitar que tudo foi obra do acaso. 
Não sei se posso fazer isso... Sinceramente. 
A experiência da qual eu te falei só vai ser bem sucedida caso você consiga mentalizar o que estou propondo. Eu sei que você consegue. 
Bem, talvez... 
Comecemos do alto. Imaginando um ponto. À volta desse ponto, tudo branco. Um ponto negro, bem no centro. Agora imagine esse ponto explodindo. Implodindo primeiramente em branco, enquanto o resto se torna preto. Rapidamente esse ponto branco cresce, cresce, cresce e cresce, quase que você só enxerga um branco tão vivo que te cega por uns momentos. E então, quando você consegue olhar mais uma vez, vê um oceano negro cheio de pontos luminosos. Vamos agora até a via-láctea, consegue imaginá-la? 
Sim, como numa fotografia. 
Certo, como numa fotografia. Agora cheguemos mais perto. Vemos um astro, gigante e luminoso, de uma cor amarelo-alaranjado. Vê alguém? 
Não... Apenas "vejo" silêncio. 
Ótimo. Imagine que, como você sabe, entram na rota desse gigante algumas esferas, algumas pequenas e outras maiores. Perceba que, com este movimento, elas vão se aproximar cada vez mais da nossa esfera luminosa? 
Sim, é o Sol atraindo os planetas com seu campo gravitacional... 
Ok. Agora avance no tempo.  Você está enxergando algo parecido com a atual configuração dos planetas e suas respectivas órbitas. Vamos agora nos focar na terceira esfera, quase incandescente de tão quente: a Terra primordial. Pode vê-la? Passamos o tempo. Vemos as primeiras bactérias, vemos seres pluricelulares, vemos tudo tão e tão rápido que nossos olhos mal podem acompanhar. Agora paremos nesses primatas. Bem conhecidos, sim. Eles tem uma característica peculiar: andam eretos. Vemos um deles andando mais rápido, ao passo que seu corpo vai se adaptando para correr e capturar melhor suas presas. Seus olhos estão bem treinados, e agora eles se equipam com lanças e já dominam o fogo ao seu bel-prazer. Uma curiosidade: nas parades das cavernas, onde estes homens dormem, você vê algo? 
Sim, vejo algumas pinturas, uns animais, alguma coisa com o Sol e a Lua também.
Estes 'desenhos' são os percursores de algo que vai surgir daqui a um tempo. Passemos o tempo. Vemos civilizações, a sedentarização do homem, vemos morte, vemos lutas, e vemos deuses. Indo à Grécia antiga, onde estes já estavam avançados para o seu tempo, sabendo muito sobre si mesmos e o quanto ainda sabem que não sabem, vão deixando seus deuses de lado. Começam a desfrutar de si mesmos, e põem toda sua atenção no homem. Mais a frente. Vemos Roma, Mais a frente. Aqui. Este é o cúmulo do poder divino, onde "deus" domina aos homens. Onde há o máximo de restrições à suas faculdades, à sua liberdade. Enquanto seguimos, vemos o Renascimento, o Iluminismo, o homem se redescobrindo. "Ser ou não ser". Deus vai se tornando menos importante. Saltando para hoje, aos países mais ricos. percebe-se que deus quase se tornou desnecessário. Você lembra do que eu disse lá no início? 
Sim, "imagine tudo, sem um criador", algo assim. 
Percebe que, ao passo que o homem vai avançando no auto-conhecimento, ele vai deixando de lado uma figura? Figura essa que ele mesmo criou, já que no nosso hipotético universo não há criadores. Somos deuses de nós mesmos. Agora, ligue o botão que faz com que deus exista. Veja, ele existe. 
Bem... As coisas parecem fazer mais sentido agora. Como se tivessem, no fim, um propósito.
E qual é esse propósito? 
Não sei... 
Você concorda que, é você quem mudou ou transformou deus em algo 'concreto'!? Percebe que, foi você que 'desligou' o botão que assumia o valor de sua existência? 
Claro... Pois foi tudo hipotético, não? 
Bem... Quem dirá o que é uma hipótese ou fato? Teoria ou lei? Não é o conhecimento? Mas... Sim. Foi hipotético. 
Me sinto um pouco estranho... Bastante.
Quero que, antes de finalizar esta sessão, que pense nesta frase; do filósofo Frederich Nietzsche: Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar; e esta, de um famoso escritor: É preciso de bilhões de anos para criar um ser humano, e ele precisa só de alguns segundos para morrer. Acha que pode se lembrar?
Sim... Acho que posso.

Bem, então te vejo semana que vem.
A próxima consulta fica pro mesmo horário?
Sim, qualquer coisa dê uma olhada na recepção.
É como se fossemos tudo!
Desculpe?
A história do universo, eu digo, está presente no meu ser... Faz parte dele!
Sim. Você é a prova viva de que, talvez, houvesse sim finalidade para aquele minúsculo ponto...


Gabriel Engelman

4 comentários:

Arthur Wilkens disse...

entendido, Sr. Alberto Knox.

Arthur Wilkens disse...

não se deve dizer que com o Renascimento Deus foi se tornando menos importante. isso é balela, porque o Renascimento fortaleceu o teísmo, só que de uma forma mais racional.

Nathália disse...

E o mesmo é válido para o Iluminismo.

Tanto é que Isaac Newton disse + ou - isso: "O ateísmo é tão tolo, que nunca teve muitos seguidores".

Anônimo disse...

Juro que ia ficar feliz com um elogio.
=[