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domingo, 12 de junho de 2011

Ao seu precioso dia

 Essa merda de música. Entro na festa, e é como se minha mente implodisse em nada. O único som que escuto é ensurdecedor, um dance psicodélico. Aí vejo trocentas pessoas, cada uma mais absorta em seu mundinho que a outra, o fim de semana precisa gastar, preciso fazer valer a pena, elas pensam. Não é que eu começo a fazer parte também? Meus amigos me puxam e começamos todos a criar uma rodinha, eu com um pé na consciência e outro nesse sonho berrante-fosforecente. Daqui a um tempo, tomamos uns drinques caros pra cacete e tudo fica realmente bom. Agora toca outra música mais cafona, um remix daquela zombie nation e seu tradicional ôÔôÔôô, eu devia ser adolescente quando ouvia isso. Pausa. Aí acordo, do nada, em casa. Faço tudo o que é preciso para começar o dia, no banheiro, depois de mijar e escovar os dentes, tomo um bom banho. Enquanto espero uns minutinhos o xampú fazer efeito, percebo que no rótulo da embalagem diz "sem sal". Alívio. Podia bem que processar eles caso minha pressão intra-craniana aumentasse. Há. Esqueci o que rolou ontem. Realmente, não faço ideia. Tem um hambúrguer na geladeira, e descubro que esse será o almoço. Descubro também, quando viro de costas, uma garota parada na minha frente, o que só piora o fato de ser um sanduba.
 É claro que eu não posso reclamar, mas acordo pensando onde diabos estou! assim que a pessoa na qual estava abraçada levantou. *Paft* Aí vejo tudo. Lembro de ontem, do Diego, da Manu. Até que o quarto do Diego é bonito, eu reparo, tudo meio avermelhado, e uns quadros que parecem mais rabiscos nas paredes. E ele chama isso de arte. Provavelmente é o único que compra essas porcarias. Gosto do cheiro dele no travesseiro. Ponho a roupa, e, quando vejo a hora no relógio da mesinha quero morrer. Saio disparando para a cozinha e vejo os cabelos ondulados se virando com uma cara de susto indisfarçável. Então ele me reconhece expressando alívio. "Claudia", mas vou me explicando e saio correndo, que qualquer coisa ele me ligasse. Na parada de ônibus tem umas mil pessoas, mas felizmente consigo ver um lugar entre os últimos bancos. O chefe vai me matar.
 O iPod tá em modo shuffle. Juro que não gosto de Erik Satie, as duas Gymnopedies são tudo o que posso dizer que é "razoável". Próxima. Agora até não tenho mais medo de levar pra lá e pra cá meu player, considerando que nada vai acontecer e que tenho um skate caso a situação fique muito tensa. Claro, dentro do ônibus eu tô fudido. O que me lembra a prova de funções, não sei quase nada disso, exceto as fórmulas pra encontrar o termo independente, como fazer domínio e imagem, e de resto me sobra uma grande interrogação luminosa. Queria mesmo era continuar a escrever. Sei que meus contos são uma merda, e que quase todos são iguais. Mas, não sei, aqui no ônibus tem tanto "recurso material" pra compor umas histórias que... Já pensou quantas histórias inter-relacionadas? Quanta coisa legal e também quanto lixo as pessoas levam consigo? Uma loirinha sobe, bem bonita, mas com uma cara de que acordou agora e com o que parece roupas de festa. Rabisco rapidamente as feições/roupas dela. Ih, ela me olha com uma cara feia, do tipo "procurando alguma coisa, pirralho?". "Não, não," é o que meu sorriso responde. Já até encontrei.

Gabriel

3 comentários:

Arthur Wilkens disse...

são três Gymnopedies.

Anônimo disse...

Oh meu deus! Não sabia! Vou corrigir agora esse erro crasso.

Sapo Seboso disse...

Achei ardente e denso. De uma transcedentalidade única. Adorei.