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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Odeio Carnaval (crônica)

Eu odeio carnaval. Há algo no ar quando é carnaval que me enjoa e enoja. Odeio o suor, odeio as multidões, odeio as batucadas, os abusados, odeio, odeio, odeio. Sou frígida? Sou fraca? Sou foda? Sou. Meu temperamento é forte, minha raiva é grande e sou teimosa ao cúmulo do infinito. Todo carnaval me chamam, todo carnaval repito: Odeio carnaval.
Por esses dias de festa, enquanto passeava pela rua, vi uma legião ensandecida de foliões alcoolizados. Pensei para mim mesma “Ó! Deus, tenha piedade na alma desses idiotas”. Eram quase quinze pessoas barulhentas correndo pelas ruas travestidas de loucuras. Todas repletas de alegria. Suadas! Casos perdidos de imprudência, de irresponsabilidade… Tão felizes! Tão sujas! Tão livres! Fiquei curiosa, bastante! Como era possível aquilo ser bom? Quando fico curiosa, não há carnaval que me segure. Fui atrás. Segui o grupo. Olhei, olhei, andei, andei. Aos poucos nos aproximamos do epicentro carnavalesco de uma praça. Eu, arrumada, perfumada, sóbria e confusa me vi misturada com aquela escória. O grupo de quinze agora era um grupo de mil. Que nojo, que raiva, que angústia! Como sairia dali? E o calor! Que calorão! Meu Deus! Eu suava! Minha maquiagem derretia, meu cabelo desfazia, minha roupa soltava… Quando pude perceber, já estava parecendo uma foliã. Estava misturada com aquela gente! Não entendia! Qual era a graça? Eu mal escutava meus pensamentos!
Mal escutando meus pensamentos, comecei a sentir a música, comecei a ver a diversão. O nojo continuou, mas a abstração aumentou. De repente quis beber algo quente, não entendia aquela sensação de euforia. Bebi e parei de tentar entender. Virei para o lado e pronto; Meu dia acabou: Era a Barbara! Estudei com ela na escola! Quanto tempo que não a via! Nós dançamos e pulamos e gritamos e sim, sim, sim, suamos… Suamos muito! Que saudades, sempre sentia dela! A noite foi varrida por tanto contentamento que eu mal pude me focar no que fazia ou não fazia ou não não fazia. Temo em dizer que fui anárquica. Passei da conta, cheguei em casa de tal forma que o porteiro pensou que eu era outra. Tive que mostrar a identidade para poder entrar. Dormi feito criança.
Acordei feito velha, com uma dor de cabeça descomunal eu me arrependia. Me arrependia de muita coisa que fiz e que não escrevo aqui por culpa e vergonha. Eu fedia não só ao meu suor já azedado, mas também ao de toda multidão que roçara em mim. Minha roupa, meu cabelo… Uma piada de mau gosto. Com que cara olharia o porteiro? Como sairia na rua? Que desgosto! Que raiva! Que ódio! Maldita euforia! Maldita Barbara! Foliã de merda. Maldita curiosidade. Ai, que sede! Que nojo, que raiva. Não voltarei jamais para aquela baderna! Odeio carnaval. Muito.

Joyce de Almeida Cunha

Fonte


Postei porque eu também odeio carnaval!! :/


ntx

6 comentários:

Higor! disse...

Ah não só você, eu tb odeio.
Ultimamente percebo que não sou tão "anormal" por odiar o carnaval.
Sou Civilizado...

Nathália disse...

Olá Higor, seja bem vindo e compartilhe conosco todo o seu ódio muhahahahhahahahahahah

kk zuera, mas aí, carnaval é coisa para pessoas de baixo nível, pronto falei.

Higor! disse...

Obrigado Nathália!
Pode deixar que estarei sempre compartilhando com voces meus sentimentos felizes (ou nem tanto)...
Carnaval já foi bom, saudável e civilizado...agora é só ralé mesmo. ú.ú
Daí pra pior

Anônimo disse...

Carnaval é Michel Teló e Funk

Anônimo disse...

Nathix ia elogiar pq achei que foi tu quem escreveu... Ficou bem escrito. Só eu achei ou tem uma ironia no fim?

Nathália disse...

Eu acho que é o que tá escrito mesmo: ela não voltará para a baderna, pois viu que isso não leva a nada, e no fim o que permanece é o vazio(e o nojo talvez).