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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Sobre o budismo

Compaixão. A palavra-chave no budismo. Uma religião muito diferente dos demais, e ainda muito diferente daquilo que eu concebia acerca da mesma. Falarei aqui um pouco da minha pequena experiência com essa doutrina, e de seus assuntos principais.



Buda Shakyamuni - o famoso Sidarta Gautama - foi o primeiro da era em que vivemos a se iluminar e dedicar o resto de sua vida à liberação do samsara e a trazer benefícios a todos os seres. Sua natureza luminosa já tinha consciência de sua missão, a única coisa que faltava era Sidarta abdicar de sua identidade limitada para abarcar e viver na natureza primordial - Buda - que está em tudo e em todos. Ele abriu mão de ser um grande príncipe ao descobrir o sofrimento que residia fora dos recônditos de seu palácio. E assim foi meditando, tornou-se nômade até asceta, para por fim, certo dia, desafiar Mara - o Senhor das IlusÕes - e receber a iluminação. Desta forma, Shakyamuni procurou trazer à tona formas de se livrar da experiência onírica e sofrida que vivemos.

Mas, afinal, para que serve o budismo? Basicamente, o budismo procura encaminhar o praticante à verdadeira felicidade. Não a felicidade que experimentamos - que é o polo oposto de sua outra maniferstação, o sofrimento - mas sim uma felicidade tão intensa e libertadora que alteraria radicalmente a forma que vemos o mundo. A principal forma de alcançar essa felicidade seria através da compaixão - que é uma manifestação do vazio luminoso em nós - aliado à técnica da meditação. O curioso é que quando meditamos, cessamos pelo tempo da prática a roda do samsara e sua automaticidade, e anulamos o carma que rege nosso modo estreito de pensar. Ao passar do tempo, com mais destreza na prática, vamos experimentando um pouquinho da felicidade absoluta, fato que nos faz compreender a vivacidade dessa experiência e a impermanência e opacidade do samsara.


No budismo tibetano, sua base reside em três jóias:

  • A sanga (comunidade de praticantes; pense numa fogueira feita por vários gravetos, um único graveto não consegue sustentar todo o fogo e facilmente se apaga)




  • O darma (o conjunto de ensinamentos que levam à liberação)




  • E Buda (a natureza primordial que existe além do espaço-tempo)



O que podemos fazer para ir aos poucos caminhando no Nobre Caminho Óctuplo - etapas que levam à iluminação - é trazer benefícios a todos seres e tentar diminuir ao máximo o sofrimento que neles provocamos. O outro é importantíssimo no budismo, pois nada é separado; o que existe fora é mero reflexo do que há dentro. E por isso, só ajudando aos outros e propiciando-lhes benefícios, é que vamos estar de fato nos encaminhando para uma felicidade real.






Eu tive a chance de experimentar um pouco disso tudo e rever meus conceitos acerca do budismo quando resolvi fazer um retiro no templo budista de viamão. Fiquei por pouco tempo, uns 3 dias, comparado à duração total do curso. Mas acredito que foi uma experiência valiosíssima. Talvez uma das mais legais que já pude experimentar. Não pelo fato de me distanciar do mundo - tinha internet lá - mas pelo darma e pela sanga. Estar junto de pessoas que aspiram por algo que transcenda nossas visões auto-centradas e poder praticar com elas é fabuloso. O Lama responsável pelo templo é realmente alguém muito afortunado, pois não poupa esforços para tentar passar a essência das práticas da melhor forma possível. Tudo me deixou com saudades.


Talvez o assunto não desperte em vocês a mesma sensação de inquietude. Mas recomendo que, àqueles que se interessaram por esse pequeno relato, não deixem de se informar e ler a respeito.


Links: http://www.cebb.org.br/


Livro: Meditando a Vida - Lama Padma Samten

Um comentário:

Randomicoteca disse...

eu estava pensando em fazer um post sobre budismo também, mas com um outro foco.

Wilkens respondi teus shouts. ntx