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quinta-feira, 24 de junho de 2010

O que torna belo o belo?

Tendo a beleza como tudo aquilo que é admirado através dos sentidos do homem, o maior questionamento sobre o assunto cai na seguinte questão: a beleza é denominada por fatores biológicos ou culturais? A resposta pode parecer simples: a beleza do nosso cotidiano é quase totalmente denominada pela cultura adquirida durante a nossa existência. Mas nem sempre foi assim. Na aurora da existência humana, no período pré-histórico, fatores instintivos deviam determinar o que era belo. Não existiam muitos meios de comunicação pelos quais a natureza era expressa. Por qual razão o pôr-do-sol, ou a lua cheia exalam beleza a quem vê?
A beleza primordial pode estar associada ao instinto de sobrevivência, presente em qualquer forma de vida. Nada é belo e nada é feio se adotarmos uma visão indiferente para com a vida. Sentimos medo do escuro na infância pelo temor ao inesperado, ao desconhecido, à própria morte. Quando uma luz acende, tudo fica claro e seguro, e assim, criamos nossa ideia simbólica de vida (luz, segurança, visibilidade, equilíbrio) e de morte (escuridão, insegurança, cegueira, instabilidade). O mesmo acontece ao contemplarmos as estrelas no céu noturno.
Outro fator biológico é o reconhecimento de simetria como denominador da beleza. Não existem seres vivos que não são simétricos por natureza. Logo, um círculo perfeito e iluminado (como a Lua) em meio à escuridão, é símbolo de perfeita beleza biológica.
Sendo assim, a beleza cultural dos tempos modernos vem da beleza biológica de todas as coisas. Quanto à beleza artística, percebemos, entretanto, outro tipo de ideia que começou a se manifestar popularmente a partir do século XIX e geraram novos conceitos de beleza. A harmonia e a simetria passaram a ser questionadas por artistas como Pablo Picasso. O cubismo de Picasso nem por isso deixava de ser belo. Percebemos então uma contradição à beleza biológica, gerada por fatores culturais e do desenvolvimento intelectual do homem, provocado pela ''quebra'' do padrão e dos conceitos clássicos de beleza.
Sobre tais aspectos, podemos chegar a conclusão de que a beleza como conhecemos é uma mistura cultural e biológica das características presentes. Em cima dessa análise, é provável que o conceito de beleza possa ser considerado instável; quanto mais o tempo passa, mais cultural e subjetiva passa a ser a beleza.



Uma obra de Pablo Picasso representando o conceito não-clássico - ''cultural'' de beleza ao lado de uma obra de Leonardo Da Vinci representando o conceito clássico - ''biológico''.

Arthur Wilkens

2 comentários:

Gabrieu disse...

Belo texto, gosto de quando se mistura aspectos das Artes visuais com algum tema que exige reflexão filosófica. Afinal, a maioria dos artistas eram de certo modo filósofos, nada mais justo que englobar os dois assuntos

Juliane Santos disse...

O que torna belo, o Belo?
me desculpem