Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Prosa Noturna

Mais um tempo se passa. Desses que voltam uma vez lá que outra... A tarde era fria, sem muito barulho pra incomodar. O sol, o jardim, o quarto, a sala, o piano, as partituras, a casa. Uma tarde digna de férias bem aproveitadas. A noite cai e me traz um presente, o silêncio absoluto. Nessa tal serenidade onde se pode perceber as minuciosidades da vida, o cérebro daqueles acanhados que não saíram pra rua acendem como um lampião. Quem me ouve? Quem me questiona? Apenas minha própria essência. E mais ou menos no meio da madrugada o sono interrompe um filme na TV. Desligo as luzes, subo as escadas, entro no quarto e fecho a porta. Ali, de uma fresta na janela me atinge uma luz laranja. Vem lá do poste. Resolvo ir na sacada. De meia no chão, meus pés esfriam, mas era bom sentir aquela atmosfera noturna... Foi quando tive os olhos fisgados a distância. Alguém caminhava próximo à faixa, sem direção, com passinhos pesados. E tinha a cabeça coberta. O que fazia? Um sujeito estagnado no asfalto. E iluminado pelos postes, no meio do escuro, como a chama de uma vela. Nunca fui de ver assombração, mas o indivíduo ali isolado me fez contemplar a cena por uns trinta segundos, quando um carro parou em sua frente sem fazer ruído algum. Não se moveu; uma porta do veículo se abriu, enquanto eu esperava ter mais um personagem em cena. O sujeito mancou até o carro e entrou, fechou a porta e o carro partiu para fora do meu campo de vista.


Arthur Wilkens

Um comentário:

Anônimo disse...

aeae ficou bom o conto, interessante a atmosfera de espectativa, mesmo que fiquemos com poucas informações do sujeito ao final.