O condicionamento é a base do indivíduo feliz. Basicamente a frase encerra a idéia geral do livro. Ao mesmo tempo que Admirável Mundo Novo nos propõe uma civilização onde "agora todos somos felizes", ele mostra o preço pago por uma vida semi-paradisíaca mas nula de liberdade individual e propósito senão o prazer. Deus não existe mais, a data é contada desde o aparecimento das idéias de produção de Ford (E interjeições como "Oh Ford" "Por Ford!" são corriqueiras), a libertinagem sexual é estimulada desde a mais terna idade ("afinal, cada um é de todos"), não há literatura e nem a arte é mais usada, pois não responde aos ideiais de uma sociedade condicionada. Até os pais ("que obsceno!") desaparecem; todos são feitos por inseminação artificial, enfrascados num "bocal" e ao nascer ficam sob cuidados do governo. Outro aspecto interessante é a sátira feita pelo autor utilizando nomes importantes como "Lenina", "Bernard Marx" dentre outros. Estes dois são o passaporte para mostrar o dia-a-dia na Londres Central, seus cinemas sensíveis e ah! Como esquecer do soma? "meio grama para um descanso de meio dia, uma grama para um fim de semana, dois gramas para uma excursão ao esplêndido oriente e três para uma sombria eternidade na lua" Droga tão poderosa quanto o álcool e a religião, exceto que não possui seus respectivos efeitos colaterais. É também introduzido o personagem Selvagem, que não se dá bem na reserva que vivia como se choca com os horrores da nova civilização. Este é para nós em muitos momentos o único são da história, e portanto uma espécie de manifestação do leitor perante a vida no admirável mundo. Estes e outros absurdos fazem do livro de Huxley terrivelmente viciante (ou pneumático), pois além de estabelecer uma analogia com o mundo contemporâneo nos faz refletir também acerca das conseqüências de uma industrialização sem freios.
Gabriel
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