Vniversale descrittione di tvtta la terra conoscivta fin qvi

domingo, 17 de abril de 2011

Flores e um supermercado

Era uma casa um tanto pequena, num bairro modesto, mas ainda sim tranquilo. Margarida estava de frente para seu velho toucador, aplicando um pouco de blush num rosto dizimado pelo tempo. As rugas eram evidentes, e pareciam mostrar-se como as longas jornadas e batalhas ao longo de sua vida. Margarida podia muito bem lembrar-se de quando era jovem, de seu rosto delicado e que exalava beleza por seus poros, fazendo um certo jus ao nome de flor. A cara que ela agora fitava era quase estranha, e tinha o poder de fazer esquecer de como fora sua aparência, deixando para trás somente a sensação de ter sido bela algum dia. Virando-se um pouco para a esquerda, pode contemplar o quadro da família, e olhava com encanto o rosto esbelto de Roberto, e com alegria para o de seu filho, Diogo. Faz sete anos que Diogo partiu de casa, e quatro anos desde que ele se foi para sempre. Margarida não se conformava na época que o filho tivesse ido antes da mãe, sentindo uma dor lacrimejante e aterradora, que aos poucos foi sendo substituída por um lago de lembranças difusas ao passo que as lágrimas cessavam.
- Margarida, vamos lá! Nós vamos nos atrasar! - Gritou Roberto da cozinha.
- Já vou indo, meu velho, estou terminando aqui.
Os dois seguiram de carro para o supermercado próximo, Roberto sempre reclamando de como era bom antes, quando podia dirigir a noite, e como seus joelhos agora doíam quando cambiava as marchas. Margarida já estava acostumada com tudo aquilo, e suas palavras eram sempre as mesmas "calma, Ro, com um remedinho a dor passa rápido". Dessa vez, no entanto, ela acrescentou sem pensar "pelo menos você está vivo, é o que importa". E o silêncio que seguiu falava mais por si que qualquer outra possível palavra.
- Roberto, - começou Margarida, mudando de assunto.
- Ein é?
- Você acha que eu ainda sou bonita? - Ela falou sem cogitar em uma resposta negativa.
Aconteceu que, bem na hora, eles chegaram ao mercado, e Roberto voltou a reclamar das coisas da mesma forma que sempre fazia. Margarida foi logo puxando um carrinho pelo corredores, enquanto olhava na sua listinha com os óculos, concentrada em dizer a Roberto os itens. Ao passo que o carrinho foi enchendo, uma dor nas costas de Margarida também acentuava-se, e ela queria logo voltar ao estacionamento para guardar as compras no carro. Quando foi buscar farinha de trigo, e mais outros mantimentos, viu uma coisa que a recordou da infância do Diogo. Era o cereal preferido dele, que poucas vezes podiam comprar, uma vez que cereal em si não era coisa barata para quem ganhava um salário modesto. Ela sabia que era uma tolice, mas o impulso da memória foi maior, e colocou a caixa com um certo cuidado maternal, sorrindo, como se pudesse comprar um pouco da vida do seu falecido filho. Quando Roberto foi ver o que ela comprou, começou a dizer que não havia necessidade alguma em comprar um sucrilhos que eles não iriam comer, olhe nossos dentes, você acha que eles aguentam? Ele falava sem pestanejar.
- Ah, Roberto, deixa vai, por favor...
- É melhor não, minha velha, não quero ficar entristecido vendo você falar chorando dele depois...
E Margarida, para dar um desconto ao marido, tirou a caixa, mas não pode deixar de sentir certa raiva pela atitude de Roberto. Ao seguirem finalmente para o estacionamento, abriram o porta-malas com sofreguidão, pois guardar as compras era a pior parte daquele dia. Sem ver nenhum ajudante do supermercado a vista, Margarida começou a puxar as sacolas com as duas mãos.
- Com licença? Os senhores querem uma ajuda para guardar as coisas? - disse uma moça muito bonita que chegou ao lado deles.
Margarida, olhando para ela sem responder por uns momentos, disse:
- Claro minha filha, adoraríamos!
E os três começaram a guardar as coisas, a moça sempre puxando o mais pesado, para o alívio de Margarida. Quando terminaram, Margarida foi sacando uma nota de dois reais para dar à moça, que vendo a atitude logo falou:
- Senhora, não precisa! Foi só uma pequena ajudinha, fico grata por ter sido útil.
- Qual o seu nome, minha filha?
- Meu nome é Rosa, e o seu?
- Prazer, me chamo Margarida. - E as duas trocaram um longo sorriso, para então despedirem-se com alegria. Já no carro, Margarida pensando na beleza da moça, voltou a perguntar ao Roberto:
- Velho, você acha que sou bonita?
E para sua surpresa Roberto a fitou por uns instantes e disse:
- Eu já não te falei isso antes? Para mim você vai sempre ser a única florzinha que alegra o meu jardim.

Gabriel

13 comentários:

Nathália disse...

Conto sobre o cotidiano...

Ponha as TAGS!

Anônimo disse...

Que letra horrível

Anônimo disse...

NATHÁLIA PONHA AS FONTES COMO ERAM ANTES, TA TERRÍVEL ISSO!

Nathália disse...

EU GOSTEI, TU QUE TEM MAL GOSTO!

Arthur Wilkens disse...

teus contos são esquisitos

rcronyt disse...

Eu acho os S dessa fonte tão engraçadinhos

Anônimo disse...

Eu me acho tão normal

Anônimo Sagaz disse...

Esse Blog é mediucrezinho, o HTML até que é bonitinho, elegante... Os contribuidores até que tem uma base e postam coisas interessantezinhas... Mas faltam SEGUIDORES.

Por que ninguém é seguidor assíduo do "Randomicoteca" ?
Porque ele é RANDOM !!

Você lê um conto, uma poesia com vocabulário para ostentação... depois vem um vídeo de uma banda estranha... depois vem coisas de Tarot...

Vocês pensam que~irão longe com este Blog ?
Caiam na real !!

Escolham um tema principal... senão vocês irão acabar não atraindo ninguém...

Este Blog não pode ser uma fonte de informação deste jeito !

Sigam o meu conselho, pois eu sou o único sensato e com bom senso.

Anônimo disse...

Que bom pra ti. Espero que enfie suas idéias covardes sabes bem onde.

Anônimo disse...

Só pra justificar a indignação (pois tem sempre um com pedras nas mãos), tua sugestão contraria completamente o conceito-chave de "random", "randomicoteca". E se não mudamos, é por que temos mais interesse de fazer algo que nos agrada a que criar "seguidores assíduos".

Nathália disse...

"sou o único sensato e com bom senso" AHSAUIHSIAUSH

EPIC

Charlie Dalton disse...

Bom, eu não achei o conto esquisito. O autor - Gabriel, no caso - se colocou no lugar de quem já não é mais jovem no corpo. A empatia dele é evidente no texto, e a "esquisitice" sentida pelo Arthur talvez seja porque ele não está acostumado a se colocar no lugar de alguém da mesma forma que o guri Gabriel.

Quanto a idéia de um tema central, nós já temos: a randomização de temas! Pronto! Assunto encerrado.

Nathália disse...

Palavras muito bem colocadas, Charlie.
& o "Anônimo Sagaz" deve ser apenas mais um desses trollers aleatórios que vêm incomodar porque não têm mais o que fazer... -.-
& eu também não achei o conto esquisito... Achei bem legal, consegue ser diferente mesmo falando sobre um acontecimento comum.